Na previdência pública, a situação não é menos grave. Para o Ministério da Previdência Social é urgente descobrir como garantir a aposentadoria de 28 milhões de trabalhadores informais que irão deixar o mercado daqui a 30 anos e que não conseguirão fazer uma poupança para a velhice.
Na previdência pública, a situação não é menos grave. Para o Ministério da Previdência Social é urgente descobrir como garantir a aposentadoria de 28 milhões de trabalhadores informais que irão deixar o mercado daqui a 30 anos e que não conseguirão fazer uma poupança para a velhice.
São pessoas que tentarão se aposentar por idade, aos 65 anos, para receber um salário mínimo. Sem nunca ter contribuído para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no entanto, o grupo irá aumentar o rombo da previdência até um nível insustentável — hoje o buraco está em mais de R$ 40 bilhões. "Eles representam um terço da população economicamente ativa e ainda não têm cobertura previdenciária", lamenta Leonardo Rolim, secretário de Política de Previdência Social do ministério.
Rolim ainda lista uma série de desafios, como trabalhadores que se aposentam por tempo de contribuição muito cedo, por volta dos 50 anos, e os gastos excessivos com pensões. Fora da esfera do INSS, mas também pensado sobre os cofres públicos, existe o problema da falta de um fundo de previdência complementar para os servidores da União.
Corrigir essas distorções exige reformar o sistema. "Em 2050, teremos três vezes mais brasileiros na terceira idade, então é necessário algum ajuste. Hoje, nós usamos o fator previdenciário para promover algum equilíbrio, ajustamos via redução do benefício, o que não é o ideal", observa o secretário.
Mesmo com todas as falhas do sistema oficial de previdência, os brasileiros cada vez mais buscam a formalização para obter esse benefício. Gilberto Portes de Oliveira, gerente da Agência do Trabalhador de Brasília, conta que, nas entrevistas de emprego, é comum as pessoas declararem preocupação com a velhice, sobretudo as que estão em busca do primeiro trabalho. "Elas querem ter um futuro, um endereço, universidade e aposentadoria. Ninguém mais quer ser temporário", afirma. "Para esses trabalhadores, é uma questão de segurança e estabilidade ter carteira de trabalho e contribuir para a previdência", emenda. (VM)
Mercado lucrativo
O imobilismo e a letargia do setor público deixam um espaço que vem sendo ocupado fortemente pelos planos privados de previdência, um nicho de mercado que controla atualmente R$ 540 bilhões e, em oito anos, deve alcançar R$ 1 trilhão, o equivalente a quase 30% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riqueza produzidas no país) de 2010. "Para se ter uma ideia do potencial de expansão do setor, os ativos sob controle dessas entidades no Brasil representam 15% do PIB, sendo que nos Estados Unidos eles somam 72,6% e no Chile, 67,0%", observa Maurício Bassi, diretor da agência de risco Liberum Ratings.
FONTE: Correio Braziliense