Juro menor pode alavancar a recuperação do Ibovespa

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Em meio à crise de dívida soberana que ameaça a liquidez do sistema financeiro no Velho Continente, o Brasil emerge como "porto seguro" na América Latina. Tem uma economia relativamente fechada, bancos supercapitalizados, câmbio flutuante, déficits em conta corrente e fiscal modestos e ainda é credor líquido externo. Contudo, mais que fundamentos sólidos o que deixa o país em posição vantajosa é o fato de ter o juro real mais alto do mundo, o que abre espaço para driblar a crise. Quem faz a avaliação é o Deutsche Bank, em relatório sobre as perspectivas para o mercado de ações latino-americano em 2012.

Em meio à crise de dívida soberana que ameaça a liquidez do sistema financeiro no Velho Continente, o Brasil emerge como "porto seguro" na América Latina. Tem uma economia relativamente fechada, bancos supercapitalizados, câmbio flutuante, déficits em conta corrente e fiscal modestos e ainda é credor líquido externo.

Contudo, mais que fundamentos sólidos o que deixa o país em posição vantajosa é o fato de ter o juro real mais alto do mundo, o que abre espaço para driblar a crise. Quem faz a avaliação é o Deutsche Bank, em relatório sobre as perspectivas para o mercado de ações latino-americano em 2012.

"Uma vez que caminhamos para uma desaceleração global, buscamos economias com juros reais altos. São esses países que têm condições de ajustar sua política monetária", argumentam os estrategistas Frederick Searby e Francisco Schumacher, em relatório. Na América Latina, México, Peru, Chile e Colômbia também são atrativos, porém, é o Brasil que tem mais espaço para cortar juro, destacam.

Já o Credit Suisse rebaixou para "underweight" (desempenho abaixo da média do mercado) a indicação para ações brasileiras em 2012, junto com a mexicana, a fim de elevar as apostas no Chile. Em relatório sobre perspectivas para a América Latina, o estrategista-chefe do banco, Andrew T. Campbell, justifica a inciativa apontando a desaceleração econômica mais forte no Brasil do que nos vizinhos Chile e até México, com impacto sobre a demanda doméstica.

O Deutsche reconhece que a bolsa brasileira sofre a despeito dos bons fundamentos. Na avaliação do banco, a concentração em ações cíclicas, que está próxima de 75%, incluindo commodities, bancos e construção, explica o desempenho do Ibovespa inferior ao da bolsa americana e outros mercados nos últimos anos. Mais recentemente, o aperto monetário e medidas macroprudenciais para segurar o crédito também pesaram.

Para 2012, o Deutsche projeta o Ibovespa a 64 mil pontos, ganho potencial de 12,8%. Na visão do banco, a perspectiva de aumento da liquidez, associada ao novo ciclo de corte dos juros e à reversão de parte das medidas macroprudenciais, deve funcionar como alavanca para a recuperação do mercado de ações, ofuscando a desaceleração econômica local e o risco de dissolução da zona do euro.

O Deutsche destaca que a bolsa brasileira está bastante atrativa. Além de o Ibovespa estar longe do pico atingido antes do estouro da crise em 2008, o indicador Preço/Lucro (P/L, que mede o tempo de retorno do investimento) para 2012 está em 9,4 vezes, um desconto de 11% em relação à média histórica de cinco anos. Já o P/VPA indica que as ações estão sendo negociadas a um preço equivalente a 1,32 vez o valor patrimonial, com desconto de 22%.

Entre as apostas, estão ações ligadas ao consumo interno que ganham com estímulos à economia, tais como CBD (Pão de Açúcar), MRV, Itaú Unibanco e BM&FBovespa - para 2012, o banco espera crescimento de 3,3% do PIB. O Deutsche destaca ainda histórias de empresas com dinâmica própria de crescimento e sinergias a serem capturadas (Fleury e Brasil Foods) e ações que pagam bons dividendos, por conta do cenário global de aversão a risco e da expectativa de queda do juro local, como Telefônica e AES Tietê.

Para amplificar os ganhos, a recomendação é mesclar o portfólio defensivo com papéis cujas posições vendidas (apostando na baixa) estão em níveis elevados historicamente - caso de Itaú, Petrobras e BM&FBovespa. A tese é de que uma recuperação da bolsa pode levar à zeragem dessas apostas, via compra das ações. No portfólio com as 10 ações preferidas na América Latina, o Brasil lidera as indicações, com sete delas: BM&FBovespa, Telefônica, CBD, Petrobras, Itaú e Fleury.

O Credit Suisse trabalha com a possibilidade de o crescimento de 3,3% projetado para o PIB ser menor. E, nesse cenário, acredita que a rodada de revisão para baixo dos resultados das empresas ainda não chegou ao fim. O consenso hoje é de expansão de 13% dos lucros por ação para 2012, com viés de baixa. Para o Chile, compara, a expectativa é de 18% de alta, na esteira de um crescimento de 4% do PIB.

Segundo Campbell, 13% não é um número ambicioso, mas alcançá-lo não será tarefa fácil. Além de não se esperar contribuição expressiva do setor de mineração, as perspectivas para os domésticos cíclicos, como consumo e construção, ainda estão otimistas, o que eleva o risco de rebaixamento. Além da desaceleração econômica, que afeta vendas, o aumento dos salários deve pressionar as margens. O que dá certo conforto, na visão do estrategista, é que a estimativa para o retorno sobre o patrimônio (ROE) das companhias para 2012, de 14,1%, está abaixo da média de 15,8% dos últimos dez anos - e nos níveis do ano 2000.

O Credit Suisse destaca que o P/L para 2012, de 8,6 vezes, parece bem atrativo se comparado aos dois últimos anos, mas não com a média histórica de dez anos. Ainda segundo o CS, o Brasil fica mais barato sob a ótica do P/VPA, de 1,3 vez. "O desconto em relação aos emergentes está muito acima do usual", diz, com a ressalva de que, quando ajustado pelo ROE, perde atratividade. As apostas do banco se concentram em setores domésticos com tendência de crescimento mesmo em ambiente de fraqueza econômica, como o de meios de pagamento, saúde, concessão de rodovias e serviços, além dos defensivos. Também tem recomendação de "overweight" para mineração e agronegócio.

 

FONTE:^Valor Economico

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