Mão pesada do BC descola dólar de fluxo cambial

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A relação entre fluxo cambial e taxa de câmbio mudou e um superávit comercial não significa mais, necessariamente, o fortalecimento de um cenário de apreciação do real. O que realmente vale mais neste momento na definição do câmbio é a vontade do governo, tornada realidade pelas pesadas intervenções no mercado.

Essa nova realidade ajuda a explicar o fechamento do câmbio ontem. Uma grande saída de dólares no início da manhã levou a moeda a passar de R$ 2,05. Mais tarde, os ganhos foram reduzidos, com a moeda fechando em alta de 0,05%, a R$ 2,043 - a mesma cotação do último dia de negócios de 2012. Essa foi a 17ª sessão seguida em que o dólar fechou dentro de uma faixa que vai de R$ 2,03 a R$ 2,05.

No ano, até dia 11, o fluxo comercial estava negativo em US$ 2,058 bilhões. No mesmo período, o dólar recuou 0,34%. Em parte, o déficit comercial foi compensado pela entrada de US$ 2,313 bilhões pela conta financeira, o que explica o saldo cambial positivo de US$ 254 milhões no período. O Banco Central divulga hoje dados atualizados de fluxo cambial.

Para especialistas, a pesada atuação do governo no mercado de câmbio explica esse descolamento. Ainda que BC, Ministério da Fazenda e Presidência não admitam claramente, o país vive em um regime de câmbio administrado, na visão do mercado.

"Em condições normais, [o fluxo] deveria impactar a taxa. Mas a situação é outra, o câmbio hoje é literalmente fixo", disse Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria. Segundo ele, variações mais expressivas, tanto de alta como de baixa no câmbio acabam sendo suavizadas pelo BC.

O trabalho do BC para conter oscilações mais fortes acaba sendo facilitado pelos ingressos da conta financeira, que equilibra o fluxo e exige um esforço menor para segurar a moeda dentro de sua zona de conforto. A expectativa é que, mesmo com perspectiva de retorno menor, o saldo continue positivo nessa conta.

"Como nos últimos cinco anos, o saldo positivo da conta financeira deve mais que compensar a deterioração que esperamos para a conta corrente em 2013", disse Italo Lombardi, economista do Standard Chartered. Para ele, mesmo com a possibilidade de fluxos financeiros negativos em algumas semanas, o saldo continuará positivo. "E o BC continuará com pleno controle para intervir no câmbio."

A constante atuação no mercado dificulta um cálculo confiável da relação entre o fluxo de moeda e a taxa de câmbio. O próprio BC, em seu último Relatório Trimestral de Inflação, destacou em boxe que suas intervenções enfraquecem a relação entre fluxo e taxa de câmbio. A expectativa geral entre operadores é que o BC continue determinado em manter o dólar no patamar atual.

"O BC vai continuar monitorando e não vai deixar o dólar escapar. Se tiver pressão maior, ele vai intervir", disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. "Por enquanto, o BC, dado o quadro delicado da inflação, está comprometido em manter o dólar estável." A recuperação do fluxo comercial, inclusive, deve demorar para ocorrer, segundo operadores. E, quando isso ocorrer, o BC deverá atuar para segurar o dólar. "O fluxo comercial especificamente vai demorar a se recuperar e, mesmo quando voltar a entrar dólares por lá, o BC não vai deixar o dólar cair muito", disse Marcos Trabbold, diretor de câmbio da B&T Corretora.

Na BM&F, as taxas de juros negociadas fecharam em alta, puxadas pelo desconforto do mercado com a inflação. Hoje sai a prévia mensal do índice de preços do sistema de metas do Banco Central e, amanhã, a ata do Copom.

(Colaboraram João José Oliveira e Lucinda Pinto)
 

A relação entre fluxo cambial e taxa de câmbio mudou e um superávit comercial não significa mais, necessariamente, o fortalecimento de um cenário de apreciação do real. O que realmente vale mais neste momento na definição do câmbio é a vontade do governo, tornada realidade pelas pesadas intervenções no mercado.

Essa nova realidade ajuda a explicar o fechamento do câmbio ontem. Uma grande saída de dólares no início da manhã levou a moeda a passar de R$ 2,05. Mais tarde, os ganhos foram reduzidos, com a moeda fechando em alta de 0,05%, a R$ 2,043 - a mesma cotação do último dia de negócios de 2012. Essa foi a 17ª sessão seguida em que o dólar fechou dentro de uma faixa que vai de R$ 2,03 a R$ 2,05.

No ano, até dia 11, o fluxo comercial estava negativo em US$ 2,058 bilhões. No mesmo período, o dólar recuou 0,34%. Em parte, o déficit comercial foi compensado pela entrada de US$ 2,313 bilhões pela conta financeira, o que explica o saldo cambial positivo de US$ 254 milhões no período. O Banco Central divulga hoje dados atualizados de fluxo cambial.

Para especialistas, a pesada atuação do governo no mercado de câmbio explica esse descolamento. Ainda que BC, Ministério da Fazenda e Presidência não admitam claramente, o país vive em um regime de câmbio administrado, na visão do mercado.

"Em condições normais, [o fluxo] deveria impactar a taxa. Mas a situação é outra, o câmbio hoje é literalmente fixo", disse Bruno Lavieri, economista da Tendências Consultoria. Segundo ele, variações mais expressivas, tanto de alta como de baixa no câmbio acabam sendo suavizadas pelo BC.

O trabalho do BC para conter oscilações mais fortes acaba sendo facilitado pelos ingressos da conta financeira, que equilibra o fluxo e exige um esforço menor para segurar a moeda dentro de sua zona de conforto. A expectativa é que, mesmo com perspectiva de retorno menor, o saldo continue positivo nessa conta.

"Como nos últimos cinco anos, o saldo positivo da conta financeira deve mais que compensar a deterioração que esperamos para a conta corrente em 2013", disse Italo Lombardi, economista do Standard Chartered. Para ele, mesmo com a possibilidade de fluxos financeiros negativos em algumas semanas, o saldo continuará positivo. "E o BC continuará com pleno controle para intervir no câmbio."

A constante atuação no mercado dificulta um cálculo confiável da relação entre o fluxo de moeda e a taxa de câmbio. O próprio BC, em seu último Relatório Trimestral de Inflação, destacou em boxe que suas intervenções enfraquecem a relação entre fluxo e taxa de câmbio. A expectativa geral entre operadores é que o BC continue determinado em manter o dólar no patamar atual.

"O BC vai continuar monitorando e não vai deixar o dólar escapar. Se tiver pressão maior, ele vai intervir", disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos. "Por enquanto, o BC, dado o quadro delicado da inflação, está comprometido em manter o dólar estável." A recuperação do fluxo comercial, inclusive, deve demorar para ocorrer, segundo operadores. E, quando isso ocorrer, o BC deverá atuar para segurar o dólar. "O fluxo comercial especificamente vai demorar a se recuperar e, mesmo quando voltar a entrar dólares por lá, o BC não vai deixar o dólar cair muito", disse Marcos Trabbold, diretor de câmbio da B&T Corretora.

Na BM&F, as taxas de juros negociadas fecharam em alta, puxadas pelo desconforto do mercado com a inflação. Hoje sai a prévia mensal do índice de preços do sistema de metas do Banco Central e, amanhã, a ata do Copom.

(Colaboraram João José Oliveira e Lucinda Pinto)
 

Fonte: Valor Econômico

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