As estatísticas do Banco Central sobre o mercado de cartões no Brasil em 2011, divulgadas ontem, mostram que bancos emissores de cartões de crédito e débito têm aumentado suas receitas e lucros, enquanto os resultados das credenciadoras, que capturam as transações no varejo, estão estáveis há três anos e mostram viés de baixa. No adendo estatístico ao Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos, o BC mostra que o lucro do mercado de cartões de crédito foi de R$ 14,1 bilhões no ano passado, sendo 68% dos emissores e 32% das credenciadoras, entre elas Cielo e Redecard. Em 2009, a participação das credenciadoras era de 46% e dos emissores, de 54%. Isso não significa, porém, queda nominal do lucro, que ficou praticamente estável entre 2009 (R$ 4,6 bilhões) e 2011 (R$ 4,5 bilhões). Somado a este cenário, o risco regulatório voltou ao setor recentemente com o governo fazendo pressão para a queda dos custos dos cartões tanto para consumidores quanto para lojistas. Em evento em São Paulo na quarta-feira, o diretor do BC, Aldo Mendes, defendeu a continuidade do movimento de abertura do mercado de cartões começado em 2010, "com o fim das exclusividades que ainda existem", além de defender maior redução nos custos de credenciamento, como do aluguel das máquinas leitoras de cartões. O discurso bateu nas ações da Cielo, que caíram 5,2% ontem. "As credenciadoras sofreram pressão regulatória [desde 2010] e, com isso houve uma maior pressão competitiva que as levou a investir em marketing e a baixar preços", observa Boanerges Freire, consultor de varejo financeiro. "Enquanto isso, o emissor continuou ativo e acelerou o processo de crescimento com aumento do financiamento, do valor da anuidade e com ganhos de escala e eficiência", completa. Uma das linhas de receita dos emissores cujo crescimento chama a atenção é a de tarifa de anuidade. O valor dessa taxa subiu, em média, 15% entre 2010 e 2011. Com isso, a receita dos emissores com anuidade aumentou 18% no período, totalizando R$ 4,9 bilhões no ano passado. Esses números saem em meio ao movimento de redução das tarifas bancárias de serviços entre os grandes bancos. Na quarta-feira, o Itaú Unibanco cortou tarifas para pessoas física e jurídica, movimento deflagrado pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O aumento das receitas com tarifas de anuidade está ligado a mudança no mix de produtos dos bancos. De 2010 para 2011, houve queda de 5% no número de cartões ativos considerados "básicos", enquanto os cartões "intermediários", "premium" e "corporativos" cresceram cerca de 9%, 29% e 34%, respectivamente. "Esse comportamento pode estar associado a estratégias dos emissores de aumentar a base de cartões associados a produtos com maiores tarifas de intercâmbio e de anuidade", avalia o Banco Central no relatório. A tarifa de intercâmbio é uma parcela da taxa de desconto cobrada do lojista por transação de cartão que é transferida pelo credenciador para o banco emissor do cartão, para remunerá-lo por riscos e custos incorridos na operação. Essa parcela varia com o tipo de cartão utilizado, ou seja, compras com cartões "premium" têm um intercâmbio maior que compras com produtos básicos.
As estatísticas do Banco Central sobre o mercado de cartões no Brasil em 2011, divulgadas ontem, mostram que bancos emissores de cartões de crédito e débito têm aumentado suas receitas e lucros, enquanto os resultados das credenciadoras, que capturam as transações no varejo, estão estáveis há três anos e mostram viés de baixa.
No adendo estatístico ao Relatório sobre a Indústria de Cartões de Pagamentos, o BC mostra que o lucro do mercado de cartões de crédito foi de R$ 14,1 bilhões no ano passado, sendo 68% dos emissores e 32% das credenciadoras, entre elas Cielo e Redecard. Em 2009, a participação das credenciadoras era de 46% e dos emissores, de 54%. Isso não significa, porém, queda nominal do lucro, que ficou praticamente estável entre 2009 (R$ 4,6 bilhões) e 2011 (R$ 4,5 bilhões).
Somado a este cenário, o risco regulatório voltou ao setor recentemente com o governo fazendo pressão para a queda dos custos dos cartões tanto para consumidores quanto para lojistas. Em evento em São Paulo na quarta-feira, o diretor do BC, Aldo Mendes, defendeu a continuidade do movimento de abertura do mercado de cartões começado em 2010, "com o fim das exclusividades que ainda existem", além de defender maior redução nos custos de credenciamento, como do aluguel das máquinas leitoras de cartões. O discurso bateu nas ações da Cielo, que caíram 5,2% ontem.
"As credenciadoras sofreram pressão regulatória [desde 2010] e, com isso houve uma maior pressão competitiva que as levou a investir em marketing e a baixar preços", observa Boanerges Freire, consultor de varejo financeiro. "Enquanto isso, o emissor continuou ativo e acelerou o processo de crescimento com aumento do financiamento, do valor da anuidade e com ganhos de escala e eficiência", completa.
Uma das linhas de receita dos emissores cujo crescimento chama a atenção é a de tarifa de anuidade. O valor dessa taxa subiu, em média, 15% entre 2010 e 2011. Com isso, a receita dos emissores com anuidade aumentou 18% no período, totalizando R$ 4,9 bilhões no ano passado.
Esses números saem em meio ao movimento de redução das tarifas bancárias de serviços entre os grandes bancos. Na quarta-feira, o Itaú Unibanco cortou tarifas para pessoas física e jurídica, movimento deflagrado pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O aumento das receitas com tarifas de anuidade está ligado a mudança no mix de produtos dos bancos. De 2010 para 2011, houve queda de 5% no número de cartões ativos considerados "básicos", enquanto os cartões "intermediários", "premium" e "corporativos" cresceram cerca de 9%, 29% e 34%, respectivamente.
"Esse comportamento pode estar associado a estratégias dos emissores de aumentar a base de cartões associados a produtos com maiores tarifas de intercâmbio e de anuidade", avalia o Banco Central no relatório.
A tarifa de intercâmbio é uma parcela da taxa de desconto cobrada do lojista por transação de cartão que é transferida pelo credenciador para o banco emissor do cartão, para remunerá-lo por riscos e custos incorridos na operação. Essa parcela varia com o tipo de cartão utilizado, ou seja, compras com cartões "premium" têm um intercâmbio maior que compras com produtos básicos.
FONTE: Valor Econômico