No desejo de aliviar incômodos, os brasileiros se automedicam com naturalidade, principalmente quando os sintomas são considerados comuns. Mas especialistas insistem: a orientação médica deve ser sempre levada em conta. A prática da automedicação é bastante usada não só no Brasil como em diversos países do mundo. Boa parte dos medicamentos consumidos pelos cidadãos é vendida sem a necessidade de apresentação da receita médica. Seja por falta de acesso aos profissionais de saúde ou por puro comodismo e desejo de aliviar incômodos, os brasileiros se automedicam com naturalidade, principalmente quando os sintomas são considerados comuns, como gripe, febre, dor de estômago, enjoo etc. Tatiana Valdeolivas Weissmann, gastrologista pelo Hospital Naval Marcílio Dias, do Rio de Janeiro (RJ), explica que a automedicação é o uso de qualquer tipo de medicação sem avaliação do profissional de saúde, expondo os usuários a vários riscos. "Qualquer medicamento tem efeitos colaterais que o indivíduo certamente desconhece e, assim, ao fazer uso das substâncias sem orientação pode acabar se prejudicando. Além disso, a automedicação também pode provocar resistência de micro-organismos, hipersensibilidade (alergias) e intoxicações", alerta. Faixa etária O médico Renato Igino dos Santos, clínico geral e especialista em segurança do trabalho, afirma que a automedicação não faz distinção de idade ou sexo ao ser perguntado se a prática é mais danosa para crianças ou adultos. "Ela simplesmente é prejudicial, pois modifica temporariamente a condição inicial de uma doença e, se não houver investigação, as consequências podem ser desastrosas, pois a evolução do problema passa a ser desfavorável", comenta Santos. Automedicações mais comuns O médico André Felicio, neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), comenta que as automedicações mais comuns são com analgésicos, antitérmicos, antiácidos, antirrefluxo, antigripais, antialérgicos e vitaminas. "Antes das mudanças nas normas de prescrição, alguns antibióticos podiam ser vendidos sem receita e também faziam parte dessa lista perigosa de automedicações. A única maneira de mudar esse comportamento é a orientação médica, além de um melhor acesso ao sistema de saúde (ágil e de qualidade) e medidas simples, como retirar do público o acesso às medicações vendidas sem receita", afirma Felicio. Cultura, mídia e campanhas Na contramão dos médicos, a mídia da indústria farmacêutica estimula a automedicação usando a orientação "persistindo os sintomas um médico deve ser consultado". Lutando contra essa cultura, no próximo dia 27, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza audiência pública para discutir a venda de medicamentos sujeitos à prescrição médica. A ideia é obter subsídios e informações para que, na prática, os estabelecimentos farmacêuticos exijam a apresentação de receita no ato da venda desse tipo de produto. O diretor presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, explica que para adquirir um medicamento pela primeira vez a pessoa precisa procurar um médico, que fará a avaliação do seu estado de saúde e decidirá qual o melhor procedimento a ser adotado. Com a receita, o paciente adquire o medicamento. Caso seja de uso contínuo, essa receita pode ter validade por alguns meses, ou até um ano. "O acesso indiscriminado a determinados tipos de medicamentos tem sido combatido pela Anvisa com regras de receita dupla para retenção. A adoção dessa prática tem coibido a automedicação, mas ela ainda existe. A dor de cabeça, por exemplo, deve sempre ser investigada, pois pode indicar um sinal de alteração vascular e de um aneurisma que, em uma possível evolução, torna-se um acidente vascular cerebral (derrame). As alergias podem piorar com o uso indiscriminado dos próprios antialérgicos", alerta Santos.
No desejo de aliviar incômodos, os brasileiros se automedicam com naturalidade, principalmente quando os sintomas são considerados comuns. Mas especialistas insistem: a orientação médica deve ser sempre levada em conta.
A prática da automedicação é bastante usada não só no Brasil como em diversos países do mundo. Boa parte dos medicamentos consumidos pelos cidadãos é vendida sem a necessidade de apresentação da receita médica. Seja por falta de acesso aos profissionais de saúde ou por puro comodismo e desejo de aliviar incômodos, os brasileiros se automedicam com naturalidade, principalmente quando os sintomas são considerados comuns, como gripe, febre, dor de estômago, enjoo etc.
Tatiana Valdeolivas Weissmann, gastrologista pelo Hospital Naval Marcílio Dias, do Rio de Janeiro (RJ), explica que a automedicação é o uso de qualquer tipo de medicação sem avaliação do profissional de saúde, expondo os usuários a vários riscos. "Qualquer medicamento tem efeitos colaterais que o indivíduo certamente desconhece e, assim, ao fazer uso das substâncias sem orientação pode acabar se prejudicando. Além disso, a automedicação também pode provocar resistência de micro-organismos, hipersensibilidade (alergias) e intoxicações", alerta.
Faixa etária
O médico Renato Igino dos Santos, clínico geral e especialista em segurança do trabalho, afirma que a automedicação não faz distinção de idade ou sexo ao ser perguntado se a prática é mais danosa para crianças ou adultos. "Ela simplesmente é prejudicial, pois modifica temporariamente a condição inicial de uma doença e, se não houver investigação, as consequências podem ser desastrosas, pois a evolução do problema passa a ser desfavorável", comenta Santos.
Automedicações mais comuns
O médico André Felicio, neurologista e membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), comenta que as automedicações mais comuns são com analgésicos, antitérmicos, antiácidos, antirrefluxo, antigripais, antialérgicos e vitaminas.
"Antes das mudanças nas normas de prescrição, alguns antibióticos podiam ser vendidos sem receita e também faziam parte dessa lista perigosa de automedicações. A única maneira de mudar esse comportamento é a orientação médica, além de um melhor acesso ao sistema de saúde (ágil e de qualidade) e medidas simples, como retirar do público o acesso às medicações vendidas sem receita", afirma Felicio.
Cultura, mídia e campanhas
Na contramão dos médicos, a mídia da indústria farmacêutica estimula a automedicação usando a orientação "persistindo os sintomas um médico deve ser consultado". Lutando contra essa cultura, no próximo dia 27, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza audiência pública para discutir a venda de medicamentos sujeitos à prescrição médica. A ideia é obter subsídios e informações para que, na prática, os estabelecimentos farmacêuticos exijam a apresentação de receita no ato da venda desse tipo de produto. O diretor presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, explica que para adquirir um medicamento pela primeira vez a pessoa precisa procurar um médico, que fará a avaliação do seu estado de saúde e decidirá qual o melhor procedimento a ser adotado. Com a receita, o paciente adquire o medicamento. Caso seja de uso contínuo, essa receita pode ter validade por alguns meses, ou até um ano.
"O acesso indiscriminado a determinados tipos de medicamentos tem sido combatido pela Anvisa com regras de receita dupla para retenção. A adoção dessa prática tem coibido a automedicação, mas ela ainda existe. A dor de cabeça, por exemplo, deve sempre ser investigada, pois pode indicar um sinal de alteração vascular e de um aneurisma que, em uma possível evolução, torna-se um acidente vascular cerebral (derrame). As alergias podem piorar com o uso indiscriminado dos próprios antialérgicos", alerta Santos.