Dólar e juros fazem pausa ante dilemas

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Sem uma definição sobre quando e como o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irão atuar para turbinar suas economias, o câmbio local custa a tomar rumo claro. De acordo com um tesoureiro, o mercado está "perdido", dependendo desse movimento externo mais consistente. Ontem, o dólar completou o terceiro dia seguido de queda, mas continua respeitando o piso informal de R$ 2. A moeda americana recuou 0,30%, a R$ 2,016 - mínima do dia e menor cotação em três semanas. No mercado futuro, o dólar para setembro cedeu 0,36%, a R$ 2,0235. A relativa paralisia das operações é retratada pelo mercado de derivativos cambiais. Os bancos e fundos de investimentos, maiores agentes desse mercado, mantêm praticamente as mesmas posições desde a abertura do mês. E a baixa movimentação com os contratos futuros se reflete no mercado à vista, pois a taxa de câmbio é formada com os derivativos, que concentram a liquidez das operações cambiais no país. Para o tesoureiro, é difícil montar posição sem saber se vem alguma injeção de liquidez na zona do euro ou nos Estados Unidos em breve. Uma posição comprada (aposta de alta no preço do dólar) corre o risco de prejuízo caso os BCs resolvam sair do discurso para a prática e imprimir dinheiro. A posição vendida (aposta de queda no preço da moeda) também carrega risco, pois nunca se sabe quando alguma notícia ruim vai explodir na Europa. "No momento, o medo é maior do que a vontade de ganhar dinheiro", explica o tesoureiro, lembrando que quando o mercado sai desses períodos de marasmo, nunca é de forma suave. Além disso, diz o especialista, o governo conseguiu tirar a volatilidade do câmbio, mas da pior forma possível. "Ele decepou os extremos com suas atuações e o preço fica oscilando nesse intervalo estreito." Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os bancos começaram o mês com uma posição vendida de US$ 19,655 bilhões em dólar futuro e cupom cambial (DDI - juro em dólar). Na quarta-feira (último dado disponível), esse estoque estava em US$ 19,430 bilhões. Já os fundos de investimentos abriram o mês comprados em US$ 14,795 bilhões e mostravam, também na quarta-feira, uma posição líquida comprada de US$ 14,517 bilhões. No mercado de juros, as taxas fecharam com tendências opostas pelo segundo dia seguido: as de curto prazo recuaram, enquanto as de vencimentos longos subiram. Assim, a diferença entre os contratos mais próximos e os mais distantes aumentou, acentuando a chamada inclinação da curva a termo de juros. Na BM&F, a diferença entre o contrato com vencimento em janeiro de 2017 e o de janeiro de 2014 chegou a 1,38 ponto percentual, ante 1,17 ponto no dia 31 de julho. Tem crescido entre os agentes de mercado a preocupação com a retomada da atividade no país. A demora para que o consumo e a produção deixem de patinar tem levado mais economistas a revisarem para baixo estimativas para o PIB neste ano. Apesar de o governo ter usado incentivos fiscais, a economia não tem reagido claramente e, pior, a inflação não cede - entre junho e julho, o IPCA acumulado em 12 meses subiu de 4,9% para 5,2%. Esse quadro tende a colocar o Banco Central em uma sinuca em breve, avaliam economistas: ou prolonga o afrouxamento monetário além de agosto - reduzindo o juro real para puxar o PIB efetivo de volta à linha do PIB potencial - ou interrompe a redução da taxa Selic neste mês para monitorar a inflação mais conservadoramente, para evitar um repique mais agressivo dos preços em 2013. É com esse dilema no horizonte que o mercado tem pressionado para baixo os juros projetados nos contratos de curto prazo e puxado para cima as taxas mais longas. Na BM&F, assim como no boletim Focus, os agentes projetam um corte da Selic dos atuais 8% para 7,5% no próximo encontro do Comitê de Política Monetária, na última quarta-feira deste mês. Já para a reunião seguinte, o consenso perde força.

Sem uma definição sobre quando e como o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irão atuar para turbinar suas economias, o câmbio local custa a tomar rumo claro.

De acordo com um tesoureiro, o mercado está "perdido", dependendo desse movimento externo mais consistente.

Ontem, o dólar completou o terceiro dia seguido de queda, mas continua respeitando o piso informal de R$ 2. A moeda americana recuou 0,30%, a R$ 2,016 - mínima do dia e menor cotação em três semanas. No mercado futuro, o dólar para setembro cedeu 0,36%, a R$ 2,0235.

A relativa paralisia das operações é retratada pelo mercado de derivativos cambiais. Os bancos e fundos de investimentos, maiores agentes desse mercado, mantêm praticamente as mesmas posições desde a abertura do mês.

E a baixa movimentação com os contratos futuros se reflete no mercado à vista, pois a taxa de câmbio é formada com os derivativos, que concentram a liquidez das operações cambiais no país.

Para o tesoureiro, é difícil montar posição sem saber se vem alguma injeção de liquidez na zona do euro ou nos Estados Unidos em breve.

Uma posição comprada (aposta de alta no preço do dólar) corre o risco de prejuízo caso os BCs resolvam sair do discurso para a prática e imprimir dinheiro. A posição vendida (aposta de queda no preço da moeda) também carrega risco, pois nunca se sabe quando alguma notícia ruim vai explodir na Europa.

"No momento, o medo é maior do que a vontade de ganhar dinheiro", explica o tesoureiro, lembrando que quando o mercado sai desses períodos de marasmo, nunca é de forma suave.

Além disso, diz o especialista, o governo conseguiu tirar a volatilidade do câmbio, mas da pior forma possível. "Ele decepou os extremos com suas atuações e o preço fica oscilando nesse intervalo estreito."

Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), os bancos começaram o mês com uma posição vendida de US$ 19,655 bilhões em dólar futuro e cupom cambial (DDI - juro em dólar). Na quarta-feira (último dado disponível), esse estoque estava em US$ 19,430 bilhões.

Já os fundos de investimentos abriram o mês comprados em US$ 14,795 bilhões e mostravam, também na quarta-feira, uma posição líquida comprada de US$ 14,517 bilhões.

No mercado de juros, as taxas fecharam com tendências opostas pelo segundo dia seguido: as de curto prazo recuaram, enquanto as de vencimentos longos subiram. Assim, a diferença entre os contratos mais próximos e os mais distantes aumentou, acentuando a chamada inclinação da curva a termo de juros. Na BM&F, a diferença entre o contrato com vencimento em janeiro de 2017 e o de janeiro de 2014 chegou a 1,38 ponto percentual, ante 1,17 ponto no dia 31 de julho.

Tem crescido entre os agentes de mercado a preocupação com a retomada da atividade no país. A demora para que o consumo e a produção deixem de patinar tem levado mais economistas a revisarem para baixo estimativas para o PIB neste ano. Apesar de o governo ter usado incentivos fiscais, a economia não tem reagido claramente e, pior, a inflação não cede - entre junho e julho, o IPCA acumulado em 12 meses subiu de 4,9% para 5,2%.

Esse quadro tende a colocar o Banco Central em uma sinuca em breve, avaliam economistas: ou prolonga o afrouxamento monetário além de agosto - reduzindo o juro real para puxar o PIB efetivo de volta à linha do PIB potencial - ou interrompe a redução da taxa Selic neste mês para monitorar a inflação mais conservadoramente, para evitar um repique mais agressivo dos preços em 2013.

É com esse dilema no horizonte que o mercado tem pressionado para baixo os juros projetados nos contratos de curto prazo e puxado para cima as taxas mais longas. Na BM&F, assim como no boletim Focus, os agentes projetam um corte da Selic dos atuais 8% para 7,5% no próximo encontro do Comitê de Política Monetária, na última quarta-feira deste mês. Já para a reunião seguinte, o consenso perde força.

FONTE: Valor Econômico

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