Falta de confiança na capacidade dos líderes europeus de estancar a turbulência leva investidores a se desfazer de ativos. O nervosismo voltou a dar o tom nos mercados financeiros ontem, diante da indefinição que tomou conta da Europa.
Falta de confiança na capacidade dos líderes europeus de estancar a turbulência leva investidores a se desfazer de ativos
O nervosismo voltou a dar o tom nos mercados financeiros ontem, diante da indefinição que tomou conta da Europa.
Os investidores estão cada vez mais desconfiados dos líderes da região, diante do vaivém de promessas não cumpridas. Na dúvida, a ordem foi vender ações.
Tanto que a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) registrou queda de 1,47%, cravando os 56.646 pontos, o nível mais baixo do dia.
Com esse resultado, o Ibovespa, principal índice de lucratividade do pregão paulista, passou a acumular perdas de 0,40% no mês. No ano, os prejuízos alcançam 18,26%.
A bolsa brasileira embicou para baixo junto com o mercado acionário dos Estados Unidos. Em Nova York, o índice Dow Jones tombou 1,1% e o Nasdaq, do sistema eletrônico, 1,55%.
Segundo os analistas, os investidores bem que tentaram, nos últimos dias, apegarem-se ao acordo fechado pelos países da União Europeia para impor um regime fiscal mais rigoroso ao bloco econômico.
Mas o desânimo acabou prevalecendo, a começar pelas bolsas da própria Europa, todas no vermelho. Paris liderou a queda: 3,33%.
Em Milão, o recuo foi de 2,84%; em Londres, de 2,25%; em Madri, de 1,75%; e em Frankfurt, de 1,72%.
Em meio à tanta desconfiança, o euro também despencou, ao ser negociado abaixo de 1,30 por dólar, ou seja, a 1,2904, o menor patamar desde 12 de janeiro.
"O euro está sob pressão porque os mercados estão decepcionados com o resultado da reunião europeia do último fim de semana. O encontro foi considerado insuficiente para combater a crise fiscal e bancária que assola a região e está contaminando todo o mundo", disse o economista Neil MacKinnon, do VTB Capital.
A tensão começou cedo, quando o governo italiano anunciou uma emissão de 3 bilhões em títulos com vencimento em cinco anos.
Atolado em uma dívida que representa 120% de seu Produto Interno Bruto (PIB), o país comandado por Mario Monti teve de pagar juros recordes, que subiram de 6,29% ao ano, de operação similar realizada em 14 de novembro, para 6,47% anuais.
A demanda pelos papéis chegou a 4,252 bilhões de euros, o que permitiu ao tesouro italiano captar o máximo de dinheiro previsto.
No mercado de câmbio do Brasil, o dólar voltou a disparar, movido pelas declarações da chanceler alemão, Angela Merkel.
Ela não só admitiu que a crise europeia, a pior desde a Segunda Guerra Mundial, será longa, como reiterou a sua rejeição à criação de bônus comuns para a Zona do Euro.
Para ela, ao adotar esse sistema, a Alemanha, o país mais rico da região, teria o seu risco equiparado aos da Itália e da Espanha, que estão a um passo da falência.
Com isso, seria obrigada a pagar juros mais alto, encarecendo o seu financiamento. O dólar encerrou a quarta-feira cotado a R$ 1,874 para venda, com alta de 1,248%.
FONTE: Correio Braziliense