Lúcio Flávio Viana Lima (*)
Na democracia, o governante, goste ou não, não pode prescindir da crítica, principalmente quando fundamentada tecnicamente e amparada em fatos, hipótese em que o governo colheria subsídios para, eventualmente, proceder à correção de rumo. Infelizmente, no mundo real a coisa não funciona assim. Como regra, prevalece a crítica engajada, demolidora, preconceituosa, aquela, por exemplo, em que o economista distorce propositadamente sua análise, sem compromisso com sua formação acadêmica.
Quem não se recorda da criação da entidade abstrata “Cenário Internacional”, tida e havida como responsável pelo sucesso do governo na área econômica, no período de 2003/2007? A crise financeira internacional, de 2008/2009, que atingiu profundamente os países do chamado Primeiro Mundo, teve mínimos reflexos no Brasil, suficiente para desmistificar o tal do “Cenário Internacional”. Mais recentemente, quando o Banco Central decidiu reduzir a taxa Selic em 0,75%, foi um deus-nos-acuda. Alexandre Tombini foi duramente criticado, acusado de ter feito uma aposta arriscada. Os fatos demonstraram que os oráculos do deus-mercado não passavam de meros palpiteiros. Enquanto isso, lá fora, longe do Brasil, a recessão toma conta da Velha Europa.
*Lúcio Flávio Viana Lima é associado da AFABB-DF.