O possível aumento da concorrência entre a BM&FBovespa e a Cetip não é motivo de preocupação para ambas as empresas. O assunto tem obtido espaço entre os analistas desde o balanço do terceiro trimestre e ganhou mais força após a Direct Edge anunciar seus planos de criar uma nova bolsa no quarto trimestre de 2012.
O possível aumento da concorrência entre a BM&FBovespa e a Cetip não é motivo de preocupação para ambas as empresas.
O assunto tem obtido espaço entre os analistas desde o balanço do terceiro trimestre e ganhou mais força após a Direct Edge anunciar seus planos de criar uma nova bolsa no quarto trimestre de 2012.
Como a BM&FBovespa já deixou claro que não tem interesse em ceder o serviço de clearing por meio da sua Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), a Cetip é vista como uma opção lógica de parceria.
A Cetip admite não ter conversas com players interessados em desenvolver um novo ambiente de negociação de ações no mercado brasileiro. Segundo Carlos Ratto, diretor executivo Comercial de Produtos, Marketing e Comunicação da empresa, a atuação em renda variável está descartada.
"Toda concorrência é salutar e estamos preparados para uma maior competitividade, mas o nosso foco continua sendo em renda fixa e derivativos", explica ele.
Na opinião de Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa, a opção de utilizar a Cetip poderia facilitar a vida de uma nova bolsa pelo fato de a empresa já ter um grande negócio e ser conhecida no Brasil.
Ele admite que esta possibilidade "não assusta". "Eles (concorrentes) estão no direito deles. A Cetip não é uma bolsa. O concorrente terá de se enquadrar na legislação brasileira da mesma maneira", avalia Edemir.
"Nós estamos preparados para qualquer um que estabelecer uma bolsa no Brasil, seja o concorrente estrangeiro ou nacional", acrescenta.
O objetivo da Direct Edge é adaptar sua tecnologia às necessidades do mercado nacional.
Em evento do lançamento da nova bolsa de valores no Rio de Janeiro, Willian O''Brien, CEO da empresa, não quis adiantar qual será a estrutura de liquidação e custódia a ser adotada. Ele se limitou a afirmar que a empresa tem "várias alternativas" que estão sendo analisadas.
Já a Bats Brasil, nome preliminar da nova bolsa que a Bats Global Markets, operadora global de bolsas de valores, e a gestora de recursos Claritas querem criar no mercado brasileiro, não divulgou detalhes sobre o sistema que sustentará os serviços de clearing e custódia e não comenta o assunto.
Nichos em comum
Cetip e BM&FBovespa também não demonstram preocupação quanto aos segmentos que têm atuação em comum. São eles: derivativos, imobiliário e derivativos de balcão. Edemir garante que a bolsa não vai mudar o seu negócio para poder "atacar" estes setores.
"A BM&FBovespa e a Cetip não são concorrentes. São complementares. Há nichos de operações da bolsa e da Cetip que podem ser considerados de competição, mas isso está na quarta casa depois da vírgula, no caso da BM&FBovespa", explica ele.
Em teleconferência com analistas para comentar os resultados trimestrais da bolsa, o diretor executivo Financeiro, Corporativo e de Relações com Investidores da BM&FBovespa, Eduardo Guardia, disse que a bolsa está interessada no mercado de derivativos de balcão. "É razoável achar que vai crescer a negociação de derivativos em bolsa", opinou Guardia.
Segundo Ratto, a Cetip lidera os três segmentos com participação de 96% em debêntures, 97% no segmento imobiliário e 75% nos derivativos de balcão. "Apesar deste market share, a Cetip não está parada e tem evoluído bastante nestes mercados", garante o diretor.
FONTE: Estadão.com