As medidas de estímulo anunciadas pelo Ministério da Fazenda são complementares ao afrouxamento monetário conduzido pelo Banco Central, na avaliação da economista Monica Baumgarten de Bolle, diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças (Iepe/CdG) e professora da PUC-Rio.
As medidas de estímulo anunciadas pelo Ministério da Fazenda são complementares ao afrouxamento monetário conduzido pelo Banco Central, na avaliação da economista Monica Baumgarten de Bolle, diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças (Iepe/CdG) e professora da PUC-Rio.
"As medidas estão em linha com a visão do governo, Fazenda e BC, de que a crise de fato se agravou. Nesse sentido, não alteram o andamento da política monetária. Há alinhamento entre BC e Fazenda", afirmou.
Para Monica, o BC vai manter a trajetória de redução da taxa Selic em doses de 0,50 ponto porcentual no próximo ano. Em 2012, o juro básico deve rumar para um dígito, provavelmente 9%, ante o nível corrente de 11%, mas a economista não descarta a hipótese de taxa de 8%, dependendo do cenário externo.
"O colapso do euro é um risco real. Vejo com ceticismo o andamento da zona do euro", afirmou, em entrevista ao AE Broadcast ao Vivo. A ação coordenada dos BCs globais foi positiva, mas o que foi feito não soluciona os problemas estruturais da zona do euro, de acordo com Monica.
Diagnóstico correto. Tendo em vista o agravamento do cenário internacional desde agosto, quando o BC surpreendeu os mercados com um corte de 0,50 ponto porcentual e interrompeu elevações sequenciais da Selic, Monica é categórica: "Quando olhamos para isso, hoje temos de dizer que o BC estava certo em ter enxergado uma piora considerável do cenário, em ter visto a possibilidade de um movimento de desalavancagem financeira, de restrição mais forte de crédito e liquidez. Estavam corretíssimos nesse diagnóstico. Acertaram, sim".
A economista considera que o movimento de queda de juro talvez tenha vindo em momento adequado, mas faz uma ressalva quanto ao período que antecedeu o corte.
"Teria tido mais espaço (para reduzir a Selic) se antes o aperto monetário tivesse sido maior e tivéssemos entrado em um movimento de queda de juros com um patamar inflacionário mais baixo, não com a inflação perto de 7%, ou acima disso, como tivemos em um período. Esse timing foi ruim por parte do BC", citou Monica, que também é sócia da Galanto Consultoria.
Arsenal. Para Monica de Bolle, o BC pode pôr em ação mais medidas de cunho macroprudencial para acompanhar o afrouxamento da política monetária, diante da piora no ambiente externo.
"Diversos botões foram apertados, então há botões para afrouxar, sobretudo se a liquidez se agravar", ponderou. A medida mais óbvia, acrescenta ela, seria a redução no nível dos depósitos compulsórios.
FONTE: O Estado de S. Paulo