O Banco do Brasil concluiu ontem a primeira captação de recursos de uma instituição financeira brasileira no exterior em quase seis meses. O banco lançou US$ 500 milhões em notas no mercado internacional, com prazo de cinco anos, por meio da sua unidade em Cayman.
O Banco do Brasil concluiu ontem a primeira captação de recursos de uma instituição financeira brasileira no exterior em quase seis meses. O banco lançou US$ 500 milhões em notas no mercado internacional, com prazo de cinco anos, por meio da sua unidade em Cayman.
O retorno para o investidor ficou em 4% ao ano ("yield"), um das mais baixas da história. A operação foi coordenada pelo próprio Banco do Brasil, além dos bancos HSBC, Bradesco, Citi e J.P. Morgan. A Moody"s atribuiu rating "Baa1" para os títulos, com perspectiva positiva.
A taxa dos títulos lançados ontem pela instituição estatal ficou abaixo dos papéis lançados em anos anteriores. Bônus do próprio banco, de mesmo prazo, saíram com um cupom de 4,5% ao ano em 2010. Esses mesmos títulos estavam sendo negociados no mercado secundário a uma taxa de 3,269% ao ano, na tarde de ontem.
A última vez em que o Banco do Brasil fez uma captação no mercado externo foi em maio, com a emissão de US$ 1,5 bilhão em dívida subordinada de dez anos. O retorno para o investidor havia sido de 6,05% no lançamento do papel.
O mercado não está nas suas melhores condições. Poucas empresas se arriscaram a buscar recursos no exterior no segundo semestre. Apenas companhias consideradas "high grade" - com notas de risco elevadas - conseguem a atenção dos investidores internacionais.
As turbulências na Europa, causadas pelos problemas com a dívida soberana de países como Grécia e Itália, afetaram o humor dos investidores, que preferem manter seus recursos em ativos extremamente líquidos, como dólar ou papéis emitidos pelo governo dos Estados Unidos.
Ainda assim, neste mês, uma janela permitiu que o governo federal, por meio da reabertura da emissão dos títulos com prazo de 30 anos, captasse US$ 1,1 bilhão em novos papéis, com um retorno de 4,694% ao ano, o menor da história para esse prazo.
A Odebrecht também aproveitou o momento para captar US$ 250 milhões, enquanto a operadora de telefonia Oi contratou um empréstimo sindicalizado com nove bancos estrangeiros ("stand-by revolving facility") de US$ 1 bilhão, à disposição da companhia pelos próximos cinco anos, ao custo de Libor mais 0,9% ao ano.
As empresas brasileiras têm evitado buscar recursos nesse momento turbulento. Muitas aproveitaram o primeiro semestre para antecipar a busca de capital. Outras, preferem esperar um melhor momento para não "sujar" a curva de juros - composta pelas taxas pagas ao investidor para os bônus da empresa. Mas ainda há empresas esperando uma oportunidade para lançar papéis no exterior ainda neste ano, segundo os bancos.
FONTE: Valor Econômico