A inflação média no Brasil finalmente começou a enfraquecer, mas, ao contrário de boa parte da população, os moradores de Brasília pagaram mais caro por bens de consumo e serviço na última semana. No sentido inverso dos maiores centros urbanos do país, nos quais a carestia desacelerou de 0,31% para 0,26%, a capital federal continuou puxando o Índice de Preços ao Consumidor
Apesar do recuo no indicador nacional, IPC-S na capital do país continua em alta e registra o maior índice, de 0,61%, na terceira semana do mês
A inflação média no Brasil finalmente começou a enfraquecer, mas, ao contrário de boa parte da população, os moradores de Brasília pagaram mais caro por bens de consumo e serviço na última semana.
No sentido inverso dos maiores centros urbanos do país, nos quais a carestia desacelerou de 0,31% para 0,26%, a capital federal continuou puxando o Índice de Preços ao Consumidor — Semanal (IPC-S) na terceira semana de outubro e registrou alta de 0,61%, ante o 0,52% do levantamento anterior. Foi a maior taxa entre as sete localidades pesquisadas.
Os itens que mais influenciaram o avanço em Brasília foram o conjunto de vestuário, que deixou de registrar deflação de 0,45% para subir 0,55%, e alimentação, que saiu de 0,89% para 1,14%.
Segundo o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz, o resultado decorreu da diferença de cenário entre a capital federal e a média nacional. "Esta semana verificamos, por exemplo, alta nos combustíveis, enquanto o item transporte teve baixa em outras cidades", disse.
O taxista Mauclene Santos, 46 anos, sentiu no bolso a alta do combustível, uma vez que abastece o carro todos os dias. "O custo só aumentou, sem piedade com o trabalhador", afirmou. Com 20 anos de profissão, Santos conta que usa até 40% do que ganha para encher o tanque de álcool. "Como rodo muito, ainda compensa mais do que a gasolina", completou.
A estudante Flávia Castro, 24 anos, também se queixou do custo do combustível. "Não dá para aguentar esses aumentos, ainda mais agora que estou procurando emprego", desabafou. Flávia mora no Sudoeste e estuda na Universidade Católica de Brasília, em Taguatinga. "Gasto R$ 400 por mês só de gasolina e não vejo os preços baixarem", completou.
Já o gerente de supermercado Evantuir Ramos, 43 anos, tem outra percepção dos preços. "Alguns alimentos realmente tiveram queda de preço, como foi o caso do leite, e, provavelmente, a carne deverá voltar a cair porque anda chovendo muito. Agora, nas hortaliças, ocorre o contrário: os preços aumentam porque a água leva os agrotóxicos e muitos produtos se perdem na lavoura", comentou.
Em relação aos dados nacionais, apesar da desaceleração, houve alta em itens essenciais ao brasileiro, como alimentos e vestuário.
"É um comportamento natural nesta época do ano", esclareceu Braz. As cidades de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo apresentaram queda no ritmo de inflação e puxaram a média nacional. "Ainda que não haja deflação, essa desaceleração será observada também nos indicadores oficiais de preços. Essa é a tendência", expôs o economista da consultoria LCA, Fábio Romão.
FONTE: Correio Braziliense