As principais lideranças empresariais do mundo defenderam ontem um sistema monetário multipolar para substituir a hegemonia do dólar e abrir mais espaço para o yuan chinês e outras moedas emergentes, como o real.
As principais lideranças empresariais do mundo defenderam ontem um sistema monetário multipolar para substituir a hegemonia do dólar e abrir mais espaço para o yuan chinês e outras moedas emergentes, como o real.
O G-20 empresarial, reunido em Cannes, estima que "o atual sistema, dominado pelo dólar, amplifica os riscos para a economia mundial". Pede espaço para as moedas de emergentes para refletir a "mudança dramática" ocorrida na estrutura e nas fontes de comércio e investimento.
Os empresários veem na conversibilidade do renmimbi chinês uma maneira de melhorar os negócios com a China. E consideram que um sistema multipolar poderá reduzir os custos de transação das companhias e levar a uma economia global mais equilibrada.
A Câmara de Comércio Internacional (CCI), representando milhares de empresas, pede para o G-20 acelerar o reconhecimento do peso crescente das economias emergentes, a fim de evitar um "bloqueio nefasto" na cooperação entre os principais parceiros.
Em entrevista ao Valor, Jean-Guy Carrier, secretário-geral da entidade, disse não ter dúvidas: "Testemunhamos [no G-20] um combate colossal de influência na economia mundial, tendo como pano de fundo a crise da zona do euro, mas com questões que são muito mais importantes".
Segundo Carrier, o mundo empresarial quer o reconhecimento da força política e econômica dos emergentes refletindo-se nos processos de decisões das instituições internacionais, a começar pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), até para ajudar a zona do euro. "É melhor ajuda pela via multilateral que por meio de um ou dois países", disse, numa referência à eventual participação financeira da China no pacote europeu. "Mais participação dos emergentes na governança global é inevitável."
A mensagem de grandes executivos é clara: é preciso que os principais países se entendam em torno de um plano conjunto para recuperar a economia mundial.
"A situação hoje é pior que na crise de 2008", afirmou Carrier. A crise supera a situação europeia, é mundial. E as medidas na Europa não são suficientes para acalmar a situação. Também há duvidas sobre os EUA. Mas esperamos acerto entre eles no G-20", disse.
Os empresários insistem agora na reativação da Rodada Doha, de liberalização comercial. "Não é preciso um centavo para estimular a economia pela via do comércio. Cada 10% de abertura de mercado daria 1% de criação de emprego", afirmou Carrier.
FONTE: Valor Econômico