À beira do abismo, a Europa partiu para o tudo ou nada. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, ontem, que vai injetar 40 bilhões de euros em bancos abarrotados de títulos podres (da dívida pública) dos países da região. A instituição garantiu ainda que manterá, até julho de 2012, empréstimos semanais de volume ilimitado e a taxas fixas
Em dia de ações coordenadas no Velho Continente, com anúncio de 40 bilhões de euros a bancos, Bovespa registra alta de 2,5%
À beira do abismo, a Europa partiu para o tudo ou nada. O Banco Central Europeu (BCE) anunciou, ontem, que vai injetar 40 bilhões de euros em bancos abarrotados de títulos podres (da dívida pública) dos países da região. A instituição garantiu ainda que manterá, até julho de 2012, empréstimos semanais de volume ilimitado e a taxas fixas.
A Inglaterra fez coro e prometeu despejar 75 bilhões de libras esterlinas (US$ 116 bilhões) na economia britânica para reativá-la. O presidente da Comissão Europeia, José Manoel Barroso, propôs uma capitalização ordenada das instituições financeiras, a fim de impedir a quebradeira do sistema. Juntas, as três notícias soaram como música aos ouvidos do mercado e propagaram uma onda de bom humor que levou as principais bolsas de valores a fechar em alta.
A Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) acompanhou o otimismo e terminou o pregão com alta de 2,5%, aos 52.290 pontos. Em Frankfurt, o desempenho também foi positivo e o mercado local registrou elevação de 3,15%. Paris subiu 3,41%; Londres, 3,71%; Milão, 3,55%; e Madri terminou o dia em alta de 2,68%.
Nos Estados Unidos, não foi diferente. A Bolsa de Nova York avançou 1,68% e a eletrônica Nasdaq, 1,88%. "O Banco Central Europeu decepcionou os investidores, em parte, ao não reduzir suas taxas de juros. No entanto, deu um alento ao retomar seu programa de recompras de títulos seguros e de empréstimos de longo prazo com o objetivo de garantir a liquidez dos mercados", observou Sameer Samana, economista da Wells Fargo Advisors.
Recados
A chanceler alemã, Angela Merkel, fez questão de deixar claro que a as autoridades europeias não estão brincando. "O alerta que estamos recebendo, de que os bancos europeus não têm capital suficiente, está sendo
recebido muito seriamente", afirmou. "A situação é tal que nós, na União Europeia, devemos ter outro olhar. Eu acredito que isso é necessário e um investimento razoável. Não podemos hesitar, porque, senão, o estrago será muito maior", acrescentou.
Sinal da disposição de uma ação coordenada foi a decisão da França e da Bélgica de salvar o Banco Dexia, que chegou à beira da falência na última na terça-feira. Ontem, as negociações dos papéis da instituição foram suspensas até que a venda de sua unidade em Luxemburgo seja concluída. Depois do episódio, as ações dos bancos na Europa dispararam, sob a perspectiva de que eles não serão abandonados pelos governos caso a crise se agrave.
Além da capitalização, especula-se que o próximo passo da autoridade monetária europeia será cortar a taxa básica de juros do bloco, hoje em 1,5% ao ano. Em sua última reunião como presidente do BCE, Jean-Claude Trichet classificou como intensas as ameaças para a economia da Zona do Euro vindas, sobretudo, da crise de dívida na região e da desaceleração do crescimento global. A sinalização de piora no discurso de Trichet encorajou os investidores a apostar numa redução próxima dos juros.
FMI defende corte de juros
No mesmo dia em que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou a manutenção dos juros da Zona do Euro em 1,5% ao ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu um corte da taxa básica pela instituição. "Consideramos que há atualmente espaço para uma redução", disse David Hawley, um porta-voz do Fundo. As decisões de aumentar a oferta de liquidez do mercado financeiro também foram bastante elogiadas em Washington.
FONTE: Correio Braziliense