A transferência de diretorias e gerências do Banco do Brasil, de Brasília para São Paulo, foi aprovada pelo Conselho Diretor da instituição sem o conhecimento do Conselho de Administração, do qual faz parte o principal acionista, o governo
Decisões de transferir diretorias e gerências de Brasília para São Paulo não foram comunicadas ao Conselho de Administração
A transferência de diretorias e gerências do Banco do Brasil, de Brasília para São Paulo, foi aprovada pelo Conselho Diretor da instituição sem o conhecimento do Conselho de Administração, do qual faz parte o principal acionista, o governo. O representante do Estado no órgão é Nelson Barbosa, secretário executivo do Ministério da Fazenda. Segundo funcionários do BB, todo o processo foi feito à revelia do ministro Guido Mantega, apesar de ele ter sido o responsável pela nomeação de Aldemir Bendine para o comando do banco.
Não à toa, assim que o processo de esvaziamento do BB veio à tona, por meio de reportagens do Correio, Mantega determinou a Barbosa averiguar a real motivação do banco para transferir uma leva de funcionários e de atividades para a capital paulista. O temor é de que esse processo esteja relacionado a interesses políticos do PT, de olho em verbas de patrocínio da instituição para favorecer os candidatos do partido nas eleições municipais de 2012.
Curiosamente, a próxima a fincar os pés em São Paulo será a diretoria de Marketing, cujas verbas passaram de R$ 240 milhões para R$ 420 milhões neste ano. A remoção de mais de 60% do departamento foi comunicada aos servidores do BB na semana passada, por seu diretor, Armando Medeiros. Ele destacou que a ordem para a mudança havia partido do presidente da instituição, conhecido informalmente como Dida.
Oficialmente, o Banco do Brasil nega que esteja em reestruturação e justifica a migração de funcionários para São Paulo como uma forma de ganhar musculatura no mercado onde estão os seus maiores concorrentes. O BB destacou que ocupa o posto de terceira maior instituição do estado e a ida de áreas estratégicas para lá ajudará na conquista da liderança local. "O Banco do Brasil reavalia permanentemente as estruturas de negócios como parte de sua estratégia de atuação", informou a instituição, por meio de nota. O banco destacou ainda que o total de empregados nas representações paulistas corresponde a apenas 10% dos quadros das diretorias no Distrito Federal.
Para o Sindicato dos Bancários de Brasília, a decisão do BB de transferir empregados da capital federal para São Paulo não atende a critérios técnicos. "É apenas um desejo pessoal de alguns diretores", afirmou Eduardo Araújo, diretor da entidade. Essa também é a desconfiança de deputados e senadores da bancada do DF no Congresso, que temem pelo esvaziamento econômico da capital do país. Depois do BB, outras empresas, inclusive a Caixa Econômica Federal, podem engrossar a debandada.
Ingerência política
A bancada de parlamentares do Distrito Federal decidiu convocar o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, para prestar esclarecimentos sobre a transferência de parte da direção do BB de Brasília para São Paulo. Deputados e senadores também pedirão uma audiência à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para saber a posição do governo em relação ao tema. A bancada considerou inaceitável uma ingerência do Palácio do Planalto na instituição com o intuito de fortalecer o Partido dos Trabalhadores nas eleições paulistas de 2012.
FONTE: Correio Braziliense