Europa taxa bancos e implora por socorro

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Comissão aprova impostos sobre transações financeiras, que arrecadarão 55 bilhões de euros por ano. Parlamento da Alemanha decide hoje se dará apoio à Grécia. Desconfiados, investidores derrubam as principais bolsas de valores do mundo NotíciaGráfico

Comissão aprova impostos sobre transações financeiras, que arrecadarão 55 bilhões de euros por ano. Parlamento da Alemanha decide hoje se dará apoio à Grécia. Desconfiados, investidores derrubam as principais bolsas de valores do mundo NotíciaGráfico

Epicentro de uma crise que se arrasta há mais de um ano, a Europa terá um dia crucial hoje. O parlamento da Alemanha decidirá se a maior economia da região apoiará ou não o pacote de socorro à Grécia, que está à beira de um colapso. A ansiedade é grande, diante das constantes derrotas políticas que a chanceler alemã Angela Merkel vem sofrendo. O temor é de que o Legislativo vete o socorro aos gregos, o que significará a sentença de morte do país que inferniza o mundo. "Nós estamos tentando evitar a insolvência grega. Mas não podemos descartá-la", disse Merkel.

Com 330 de 620 assentos na Câmara, os aliados da chanceler não podem traí-la, pois só lhe restará recorrer ao Partido Social Democrata e ao Partido Verde, de oposição, que são a favor da ampliação do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (Feef), do qual sairá o dinheiro que pode evitar a derrocada da Grécia. Apesar de ser favorável à ajuda aos gregos, pois um calote da dívida de Atenas porá a pique outros países da Zona do Euro, como Espanha, Itália, Irlanda e Portugal, Merkel exige que o governo do primeiro-ministro George Papandreou faça os cortes de gastos exigidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela União Europeia (UE).

Em meio à expectativa em torno à decisão do parlamento da Alemanha, a Comissão Europeia aprovou ontem proposta para a criação de um imposto sobre transações financeiras, que deve resultar em uma arrecadação de 55 bilhões de euros por ano. Segundo o presidente da comissão, José Manuel Barroso, chegou a hora de os bancos darem a sua retribuição à sociedade, já que, nos últimos anos, receberam trilhões de euros em impostos pagos pelos contribuintes para não quebrarem. "Durante os três últimos anos, os Estados-membros ofereceram ajudas e garantias ao setor financeiro de 4,6 trilhões de euros. Agora, é hora de os bancos retribuírem à sociedade", disse.

Barroso reconheceu, porém, que há uma divisão entre os países europeus sobre o imposto. A Inglaterra, por exemplo, é contra. Alega que o tributo estimulará uma fuga de recursos do centro financeiro de Londres, o segundo maior do mundo. Mas, a seu ver, quando a Eurozona apresentar os instrumentos necessários para garantir a integração e a disciplina (dos mercados), o imposto será considerado um passo natural e vantajoso. "A taxação deve ser uma maneira de a Zona do Euro garantir um mecanismo rígido para vigiar o equilíbrio dos mercados e orçamentário dos diferentes países-membros da união monetária", frisou.

Mais arrocho

O presidente da Comissão Europeia reconheceu que o elevado nível de endividamento dos países da região constitui o maior desafio para a história da UE. Ele defendeu a importância de a Grécia permanecer na Zona do Euro, o que será uma vitória ante a magnitude da crise atual. Mas, para isso, o governo grego terá de fazer o dever de casa. Ou seja, reduzir as despesas do setor público e o seu endividamento, que chega a quase 150% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas produzidas em um ano.

"A Grécia tem todas as condições de cumprir plenamente, e a tempo, os seus compromissos em matéria de redução do deficit público", afirmou Barroso. "Já a UE continuará apoiando os países que enfrentam dificuldades até que normalizem as suas economias", completou.

Apesar do otimismo, o presidente da Comissão Europeia admitiu que o caso da Grécia não é apenas uma "corrida", mas uma "maratona". O governo grego, por sinal, passará por um novo teste. A missão da Troika — composta pela União Europeia, pelo FMI e pelo Banco Central Europeu (BCE) — desembarcará hoje em Atenas para cobrar os ajustes fiscais. O país está praticamente parado por greves contra os cortes de salários e de aposentadorias.

Reforma

Grécia também terá de se submeter às decisões de ontem do Parlamento Europeu, que deu aval a um aumento na disciplina orçamentária dos países da UE. Estão previstas sanções contra os Estados que não controlarem os rombos em suas contas. A reforma, batizada de "6 Pack", trata de seis textos legislativos e havia sido inicialmente proposta pela Comissão Europeia para extrair as lições trazidas pela crise da dívida grega. O pacote permite a cobrança de medidas corretivas e a aplicação de multas as países que descumprirem os critérios de deficit público máximo de 3% do PIB e teto para a dívida pública de 60% do PIB.

Para o comissário europeu encarregado de Assuntos Econômicos, Olli Rehn, o Pacto de Estabilidade "abrirá a via para a criação de uma verdadeira união econômica para complementar a união monetária". Segundo o chefe dos liberais europeus, Guy Verhofstadt, as sanções contra os países que permitem rombos fiscais acima da meta impedirão que integrantes da Zona do Euro percam a linha. "As sanções garantirão a estabilidade da Eurozona", disse.

Críticas de Obama

Apesar das boas intenções mostradas pela Europa, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou a acusar os líderes da região de não estarem fazendo o suficiente para pôr fim ao excesso de endividamento dos países e corrigir as fragilidades dos bancos. "Na Europa, não estamos vendo (os países) lidarem com seus sistemas financeiros como efetivamente deveriam", afirmou. As cobranças de Obama foram endossadas pelos investidores, que voltaram a derrubar as principais bolsas de valores do mundo, depois de três dias de trégua.

A Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) encerrou a quarta-feira com baixa de 1,21%, para os 53.270 pontos. No mês, o Ibovespa, que mede a lucratividade das ações mais negociadas no pregão paulista, acumula perdas de 5,71% no mês e de 23,14% no ano. Já a Bolsa do México cedeu 1,02% e a de Santiago, 0,62%.

O tombo em série começou na Europa. A Bolsa de Londres recuou 1,44% e a de Paris, 0,92%. Frankfurt, por sua vez, fechou em baixa de 0,89% e Madri, de 0,61% Os investidores saíram em busca de lucros rápidos após as fortes altas da véspera, quando os pregões da região apresentaram ganhos em torno de 5%. Depois, foi a vez de Nova York devolver, com mais força a rentabilidade obtida no começo da semana. Segundo especialistas, os investidores mostraram cautela em relação à resolução da crise na Europa. O índice Dow Jones perdeu 1,61% e o Nasdaq, 2,17%.

Para os especialistas, os tempos são de incertezas. Enquanto não houver uma solução definitiva para a Grécia, o mundo continuará de pernas para o ar, comprometendo o crescimento econômico deste ano e do próximo. Vários economistas acreditam que a Europa já entrou em recessão, como retração do PIB no quarto trimestre de 2011, e que os Estados Unidos tombarão no início de 2012.

 

FONTE: Correio Braziliense

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