Ações recompensam quem tem calma

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Na segunda-feira, quando a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desabou mais de 8% e muitos investidores correram para vender suas ações no mercado, o advogado Leandro Berno, 32, decidiu manter a calma. "Levei um susto, mas decidi não entrar no efeito manada. É difícil dizer que não assusta, porque ninguém tem sangue-frio. Mas é preciso pensar de forma cautelosa e tratar a Bolsa como investimento de longo prazo." Mesmo sem conhecimento especializado, Berno tem experiência para falar sobre ações. Entrou na Bolsa em 2006, ganhou dinheiro, comprou uma casa e acabou atraindo os colegas para o mercado, inspirados pela possibilidade de realizar seus próprios sonhos.

Investidores que conseguem ter paciência e não fugir da Bolsa em tempos de crise realizam sonhos com ganhos.Aplicador precisa ter longo prazo em mente e pode aproveitar baixa para comprar papéis baratos no mercado

DE SÃO PAULO

Na segunda-feira, quando a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) desabou mais de 8% e muitos investidores correram para vender suas ações no mercado, o advogado Leandro Berno, 32, decidiu manter a calma.
"Levei um susto, mas decidi não entrar no efeito manada. É difícil dizer que não assusta, porque ninguém tem sangue-frio. Mas é preciso pensar de forma cautelosa e tratar a Bolsa como investimento de longo prazo."
Mesmo sem conhecimento especializado, Berno tem experiência para falar sobre ações. Entrou na Bolsa em 2006, ganhou dinheiro, comprou uma casa e acabou atraindo os colegas para o mercado, inspirados pela possibilidade de realizar seus próprios sonhos.

"Quando eu comecei, não sabia comprar ações através do homebroker [pela internet], não havia corretoras na minha cidade. Então entrei no IPO [oferta inicial de ações] da Duratex, e depois em outros IPOs. Acabei fazendo bastante dinheiro e me animei. Desde então nunca mais saí", diz.

Com os ganhos acumulados entre 2006 e 2008 -na forte alta da Bolsa no período pré-crise-, o advogado conseguiu comprar seu primeiro imóvel. Em seguida, porém, passou pelo seu primeiro teste na Bolsa.
"Em 2008 senti o primeiro grande baque, com a crise financeira internacional. Mas no auge da crise comecei a destinar mais recursos para compra de ações", afirma.
"Com isso, pude realizar os lucros em janeiro de 2010 e, com o dinheiro, concretizar meu segundo sonho: casei e passei minha lua de mel em Cancún [no México]."
Enfrentando novos problemas na Bolsa -que já caiu 22,84% no ano-, ele mantém seus investimentos mensais em ações.

"Agora que as ações estão baratas é que eu estou comprando mesmo", diz Berno, que tem cerca de 75% do patrimônio em renda variável.
Para se defender da queda, ele tem focado os recursos em papéis que considera mais seguros, como aqueles que pagam bons dividendos.
Entre eles, cita empresas de energia elétrica e mineradoras.

PREPARO
Para Paulo Levy, da corretora Icap, os investidores que estão hoje na Bolsa estão mais preparados do que aqueles que investiam em ações quando a crise de 2008 estourou.
"Depois de 2008, tivemos muita gente fugindo da Bolsa. As pessoas ficaram assustadas, estavam despreparadas para esse tipo de investimento", afirma. "Hoje, vemos os investidores pessoa física muito menos apavorados."

Ele afirma que quem ficou na Bovespa depois da última crise acompanhou três anos de bastante incerteza no cenário internacional, o que deixou os investidores mais realistas.
Para aplicar em ações, é bom ficar atento a alguns fatores. Mesmo comprando na baixa, não é possível saber até quanto a Bolsa ainda pode cair. Também não dá para prever quando ela voltará à tendência de alta.
Assim, continua valendo a máxima de ter sangue-frio e apostar sempre na cautela e no longo prazo. (GIULIANA VALLONE E TONI SCIARRETTA

FONTE: Folha de São Paulo

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