Bovespa desaba 5,72%, o pior desempenho desde novembro de 2008, só à frente da Bolsa de Buenos Aires Resultado é atribuído à projeção de queda nos preços de commodities, das quais o Brasil é um grande exportador
Bovespa desaba 5,72%, o pior desempenho desde novembro de 2008, só à frente da Bolsa de Buenos Aires
Resultado é atribuído à projeção de queda nos preços de commodities, das quais o Brasil é um grande exportador
Maior aposta dos investidores globais até 2010, a Bolsa brasileira derreteu 5,72% ontem e foi destaque no noticiário financeiro por liderar as perdas no mundo. Só ficou à frente da Bolsa de Buenos Aires, que é um décimo da brasileira e desabou 6,01%.
Foi a maior derrocada desde novembro de 2008, dois meses após a quebra do banco Lehman Brothers.
A debandada foi atribuída ontem à forte dependência do mercado brasileiro da exportação de commodities, cujas perspectivas se estreitam agora com o risco de recessão global -petróleo e soja recuaram 5,7% e 2% ontem. Sozinhas, Vale e Petrobras respondem por 32% da Bolsa brasileira.
Para os estrangeiros, o Brasil é uma das últimas fronteiras de alto potencial de lucro -o consumo interno está aquecido, faltam estradas, aeroportos, energia e uma infinidade de serviços rentáveis para serem explorados.
Com o risco renovado de recessão, todos esses projetos ficam agora mais distantes de serem materializados.
As ações de maior baixa ontem no Brasil foram das companhias do empresário Eike Batista, a maioria projetos de infraestrutura e de negócios carentes de capital e em pleno desenvolvimento.
As ações da OGX (projeto de exploração de petróleo) caíram 8,33%, enquanto as da MMX (mineração) e da LLX (logística) recuaram 16,07% e 13,25%.
BARREIRA
O IOF (Imposto de Operações Financeiras) de 6% e demais ameaças do governo Dilma contra os estrangeiros também contribuíram para o mau humor com o Brasil.
O pessimismo ajudou a elevar o dólar no país, que pode rumar para R$ 1,60 -ontem voltou a R$ 1,581, com alta de 1,15% no dia.
A nova queda da Bovespa levou o índice a romper mais um patamar considerado "piso" para os analistas: os 53 mil pontos.
"Está com toda a cara de que agora vai a 48 mil pontos, é o próximo piso", afirma Gilberto Coelho, analista da XP Investimentos.
Para Carlos Augusto Nielebock, operador da Icap Brasil, ainda há mais um patamar a ser rompido antes disso, os 50 mil pontos.
"O mercado lá fora não parou de cair e não adianta acreditar que aqui parou se lá fora continuar caindo", disse.
Coelho afirma que é até possível que haja dias de alta na Bolsa nas próximas semanas, mas elas não serão sustentáveis.
"Em momentos de queda na Bolsa, é comum que a gente tenha um dia de pânico generalizado, e claramente foi o que aconteceu", disse Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos.
FONTE: Folha de S.P