Apesar de gostarem de umidade, os animais peçonhentos surgem em locais como a Asa Sul nesta época do ano. Por mês, a Vigilância Ambiental recebe até 30 chamados de brasilienses que os encontram perto ou dentro de casa
Apesar de gostarem de umidade, os animais peçonhentos surgem em locais como a Asa Sul nesta época do ano. Por mês, a Vigilância Ambiental recebe até 30 chamados de brasilienses que os encontram perto ou dentro de casa
A presença de escorpiões na Asa Sul tem tirado o sono de moradores da SQS 409. Pelo menos quatro foram encontrados nos últimos dias no Bloco N. Eles escondem-se em frestas de tomadas de luz, no chão e até em edredons. Uma diarista acabou picada por um deles. A Vigilância Ambiental inspecionou o prédio residencial e um dos apartamentos este mês. Os agentes, porém, encontraram apenas baratas, que servem de alimento para o aracnídeo. Em períodos de chuva, a Diretoria de Vigilância Ambiental do DF (Dival), responsável pelas inspeções, recebe até 50 chamados mensais relacionados ao aparecimento de escorpiões. Durante a seca, o número de ocorrências varia entre 20 e 30 mensalmente. Cruzeiro, Plano Piloto e Núcleo Bandeirante têm o maior índice de registros.
A carioca Natália Faria, 24 anos, mora sozinha em um bloco da 409 Sul. Este mês, dois escorpiões da espécie Tityus Serrulatus foram encontrados no apartamento dela. “Eu achei o primeiro ao lado da minha cama, quando levantei para beber água. O segundo, a diarista encontrou quando sacudiu o meu edredom, no dia seguinte”, contou Natália. Apavorada, a jovem não voltou para casa até que a Vigilância fizesse inspeção no imóvel. “Peguei minhas coisas e fiquei em um flat”, garantiu. Na mesma semana, o zelador do prédio matou outros dois escorpiões no edifício.
O problema dos escorpiões na 409 existe há mais de um ano. A diarista Elaine Barroso Gonçalves, 30, é uma das vítimas. No ano passado, ela foi picada no dedão do pé quando fazia faxina em um apartamento da quadra. “O escorpião estava debaixo da cama e picou o meu dedo. Achei que tivesse furado com uma agulha, porque ele se escondeu. Em menos de um minuto, minha perna adormeceu. Foi uma dor muito grande”, conta Elaine.
Ataque
A diarista pediu socorro a um zelador, que encontrou a espécie de cor amarela escondida atrás de um pedaço de madeira. Elaine Barroso foi levada ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde foi medicada. “Levamos o escorpião morto para mostrar aos médicos. Ainda senti dores durante uns 10 dias. Mas, graças a Deus, não aconteceu nada mais grave”, conta Elaine, aliviada.
Para Morgana Bruno, doutoranda em ecologia na Universidade de Brasília (UnB) e professora do curso de biologia na Universidade Católica de Brasília (UCB), o aparecimento de escorpiões no período de seca é uma anormalidade. “Eles podem ficar até três meses escondidos, mas gostam de ambientes úmidos e escuros. Por isso, geralmente aparecem na época de chuva. Para fazer o controle, é preciso eliminar a umidade e deixar tudo limpo e bem iluminado”, disse. A professora explica que o escorpião tem hábitos noturnos e é controlado por inimigos naturais, como corujas, galinhas, gansos e lagartos.
Poda de árvores
O aparecimento dos escorpiões em residências, segundo a professora Morgana, pode estar ligado à poda de árvores próximas aos prédios. “Às vezes, estão nos ninhos, aí derrubam a árvore ou fazem retirada de lixo, e eles procuram outros lugares”, explica. Dependendo da espécie, um escorpião pode ter uma ninhada com até 50 filhotes. Os amarelos, espécie mais encontrada por moradores do DF, se reproduzem por partenogênese (reprodução assexuada — desenvolvimento de um embrião sem a necessidade de fecundação).
FONTE: Correio Braziliense