Inflação corrói salário dos trabalhadores brasileiros em 1,8%

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O dragão da inflação já causa sério estrago no poder de compra dos trabalhadores. Dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a taxa de desemprego se manteve estável entre março e abril, passando de 6,5% para 6,4%. Esse é o melhor desempenho para o mês desde 2002. A boa notícia foi contrabalançada, entretanto, pela queda de 1,8% no rendimento médio real (acima dos índices de preços).

O dragão da inflação já causa sério estrago no poder de compra dos trabalhadores. Dados da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a taxa de desemprego se manteve estável entre março e abril, passando de 6,5% para 6,4%. Esse é o melhor desempenho para o mês desde 2002. A boa notícia foi contrabalançada, entretanto, pela queda de 1,8% no rendimento médio real (acima dos índices de preços). Enquanto se adaptam para tentar evitar os efeitos negativos da volta da carestia, os brasileiros viram seu contracheque encolher de R$ 1.568,41 para R$ 1.540,00 no período.

Com a redução, a massa de rendimento real (soma dos ganhos de todos os trabalhadores) no Brasil, que estava estimada em R$ 34,5 bilhões em março, recuou 1,6% em um único mês. Isso significa que há uma quantidade menor de dinheiro disponível tanto para comprar como para economizar. Não à toa, as classes menos favorecidas (C, D e E) já retiram produtos básicos dos carrinhos de supermercados. A inflação acumulada em 12 meses pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 6,51%, furando o teto da meta fixada pelo governo para 2011, de 6,5%. “A queda no salário do trabalhador em abril é efeito da inflação”, garantiu a analista do IBGE Adriana Belinguy.

A frentista Marcela Braga, 32 anos, deixou de comprar roupas e calçados para não ser obrigada a cortar nos alimentos. “Tenho dois filhos e não posso diminuir os gastos com a diversão deles”, afirmou. Para tentar incrementar a renda, Marcela tem procurado trabalhos paralelos. “Sou artesã e produzo algumas peças para ganhar um dinheiro extra. A gente precisa arrumar algum complemento para acompanhar a elevação dos preços”, observou.

O mecânico Antônio Carlos Gonçalves, 36 anos, acredita que a situação está difícil para todo mundo. “Os preços estão muito altos. O movimento na oficina diminuiu”, disse. O comerciante Sérgio Inocêncio, 52, confessa que está assustado com o avanço da inflação. “Ela não está no nível da verificada nos anos 1990, quando faltavam mercadorias nas prateleiras. Mas já é bastante preocupante”, avaliou.

Apenas duas das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE escaparam da piora no rendimento dos trabalhadores. Os ganhos cresceram 3% em Salvador (BA) e 0,6% em Porto Alegre (RS). Nesses locais, os salários ficaram em R$ 1.240,90 e R$ 1.536,80, respectivamente. Entre os setores da economia, o que mais obteve perda nos rendimentos foi o de serviços prestados a empresas, aluguéis e atividades imobiliárias e financeiras. Apenas em abril, a remuneração desses trabalhadores derreteu 4,8%. No ano, a queda foi de 2%. Na esteira desse encolhimento, estão os serviços de mecânico e de reparação de objetos, que amargaram perdas de 3,5% entre março e abril.

Desaceleração

Para analistas, esse freio mostra, pela primeira vez de forma concreta, que medidas como a restrição ao crédito e o aperto na taxa básica de juros (Selic) surtiram efeito: a economia começou a desacelerar. Na visão do economista-chefe do Bradesco, Octávio de Barros, os dados são compatíveis com a projeção do banco para a taxa de desemprego em 2011 (6,4%) e para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país), de 3,8%. “A queda verificada nos rendimentos reais sugere que, nos próximos meses, o mercado de trabalho seguirá em movimento moderado, reforçando nossa expectativa de arrefecimento no crescimento da economia no restante deste ano”, argumentou.

Para a LCA Consultores, os dados indicam que o Banco Central pode encerrar o ciclo de alta dos juros mais cedo. “O nível abaixo do esperado pela LCA reforça nossa projeção de que o BC irá elevar a Selic somente nas próximas duas reuniões”, analisou a consultoria em nota. O Banco HSBC observou os dados com cautela devido a dissídios coletivos que, nos meses seguintes, podem mudar a trajetória dos rendimentos. “Os salários agregados parecem enviar sinais de que estão perdendo o ímpeto. Embora essa desaceleração possa fornecer algum alívio para a inflação, continuamos preocupados com as negociações salariais anuais envolvendo sindicatos importantes no segundo semestre de 2011”, ponderou o banco em comunicado.

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, porém, rebateu tanto os dados do IBGE quanto as avaliações dos especialistas. A seu ver, não existe desaceleração. “Eu já disse e reitero. No segundo semestre, a inflação vai cair e o nível de emprego, subir”, afirmou. “Vamos fechar o ano com 3 milhões de novas vagas. Os dados em 2011 vão surpreender a todos, mas não a mim”, disse, confiante. Questionado sobre o indicador divulgado pelo instituto, ele afirmou que as informações coletadas pelo ministério são melhores e mais abrangentes. “O estudo do IBGE pega apenas as principais regiões metropolitanas e, no ministério, temos o dado concreto de empregabilidade.”

FONTE: Correio Braziliense

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