Com os juros e a inflação em alta, 24% das famílias ficam no vermelho

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Quase dois terços da população brasileira, de todas as faixas de renda, estão endividados, apesar da redução das vendas no varejo. As famílias abusaram do cartão de crédito e dos carnês de lojas - com base em parcelas que supostamente caberiam no bolso - apesar da alta da inflação e do crédito mais caro, que reduziram o poder de compra do salário.

Quase dois terços da população brasileira, de todas as faixas de renda, estão endividados, apesar da redução das vendas no varejo. As famílias abusaram do cartão de crédito e dos carnês de lojas — com base em parcelas que supostamente caberiam no bolso — apesar da alta da inflação e do crédito mais caro, que reduziram o poder de compra do salário. A pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), aponta que, em maio, a proporção de brasileiros com dívidas subiu para 64,5%, contra 62,6%, em abril, e 58,7%, em maio de 2010. Desses, 24,4% estão com débitos em atraso, o que representa aumento em relação a abril, quando o percentual ficou em 23,4%. Outro dado preocupante é que 8,6% das famílias declararam não ter condições de pagar seus compromissos, o maior índice do ano.

Os brasileiros também estão gastando cada vez mais nos cartões de crédito, e a inadimplência, que estava em queda, já retomou o ritmo de alta neste ano. A maior parte dos débitos, 71,5%, é justamente nos cartões de crédito. Em março deste ano, o total devido pelas famílias para as administradoras do setor alcançou R$ 97,4 bilhões, entre faturas a vencer e roladas com juros. Em março de 2010 e de 2009, esse valor estava bem menor: R$ 86,5 bilhões e
R$ 68,5 bilhões, respectivamente, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços.

O aumento maior de endividamento ocorreu entre as famílias de maior renda, com ganhos superiores a 10 salários mínimos
(R$ 5.545), cujo percentual passou de 52,9% para 57,7% entre abril e maio. Dados do Banco Central confirmam essa tendência e apontam elevação da fatia dos empréstimos de valores acima de R$ 50 mil: de 22% no início de 2010 para 27% neste ano. Já a proporção de débitos de até R$ 5 mil caiu de 29% para 26% em um ano em relação ao total das operações de crédito feitas pelas pessoas físicas.

De acordo com a pesquisa da CNC, parte do endividamento é para equilibrar o orçamento doméstico e não para aumentar o consumo, ao contrário do que ocorreu em 2010, quando foram registrados recordes nos níveis de emprego e renda, além de crédito farto. Mas acende o sinal de alerta, explicou a economista Marianne Lorena Hanson, responsável pelo estudo.

“A tendência é de aumento da inadimplência nos próximos meses, devido ao crescimento dos empréstimos em ritmo mais rápido que o da renda, aumento do custo do crédito e ao espaço reduzido para elevações nos prazos de financiamento”, observou. Para as famílias com renda inferior a 10 salários mínimos, o percentual de dívidas passou de 64,4%, em abril, para 65,2%, em maio.

A assistente administrativa Juliana Machado Alves, 30 anos, quase perdeu o apartamento. Após o divórcio, não conseguiu arcar com as prestações e foi obrigada a vender o imóvel. “Paguei cerca de um ano até a separação e mais seis meses, mas tive que abrir mão”, lamentou. Atualmente, mora com a mãe. “Fiquei desempregada e fui me enrolando. Meu nome foi parar no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Me descontrolei.” Ela atribui o endividamento à facilidade de financiamento. “Até com o nome sujo me ofereceram crédito”, contou.

Atrasos
Os brasileiros definidos como “muito endividados” representavam 13,7%, em maio de 2010. Passaram para 15,7%, em abril deste ano. E subiram para 17,5%, em maio. Os “pouco endividados” sofreram paulatino incremento: 23,7%, 23,8% e 23,9% (abril de 2010 e abril e março de 2011). O grande vilão foi o cartão de crédito, responsável por 71,8% do endividamento daqueles com renda mais baixa, seguido pelos carnês, com 20,7%, e crédito pessoal, 12,3%. Para os que ganham acima de 10 salários mínimos, o cartão contribuiu com 71,2%. O segundo item, financiamento de carro, vem bem abaixo, com 21,2%. E crédito pessoal aparece com 13,7%.

Dívidas com o financiamento da casa tiram o sono de 2,9% dos de mais baixa renda e de 8% daqueles que ganham mais. O advogado especialista em direito imobiliário Carlos Eduardo Alves Ferreira ressaltou o aumento do volume de atrasos nas prestações da casa própria. “Consequência da larga expansão de crédito”, esclareceu. Após três meses de inadimplência, o bem pode ser recuperado pela financiadora e geralmente vai a leilão. “É uma legislação específica. Não há muito a fazer na Justiça.”

A Pesquisa Endividamento e Inadimplência do Consumidor comprova também que o tempo médio de atraso teve ligeira alta de 59,7 para 60,5 dias entre maio de 2010 e o mesmo mês em 2011. O comprometimento com dívidas se elevou de 6,6 meses para 6,8 meses na comparação anual, sendo que 27,9% das pessoas têm dívidas de até três meses, e 29,8%, de mais de um ano. A parcela média de renda comprometida com dívidas também aumentou, na comparação anual, de 29,1% para 30%, em igual período.

FONTE: Correio Braziliense

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