O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) informou na ata de sua última reunião, divulgada nesta quinta-feira, que o ciclo de ajuste da taxa de juros será prolongado, o que sinaliza novas altas na Selic deverão ser anunciadas.
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) informou na ata de sua última reunião, divulgada nesta quinta-feira, que o ciclo de ajuste da taxa de juros será prolongado, o que sinaliza novas altas na Selic deverão ser anunciadas.
O comitê, formado por diretores da autoridade monetária, se reuniu no dia 20, quando decidiu aumentar os juros básicos de 11,75% ao ano para 12% ao ano, surpreendendo parte do mercado que apostava em uma alta maior.
De acordo com a ata, houve um entendimento unânime na diretoria de que "o ajuste total da taxa básica de juros deve ser, a partir desta reunião, suficientemente prolongado". O tamanho do ajuste que deveria ser feito naquela reunião, porém, dividiu o comitê: dois diretores queriam um aumento de 0,5 p.p. (ponto percentual), enquanto os outros cinco votaram pela alta de 0,25 p.p., uma mudança em relação às duas últimas subidas de meio ponto anunciadas.
"A maioria do Comitê entende que um substancial esforço anti-inflacionário já foi introduzido na economia no último quadrimestre e que há defasagens no mecanismo de transmissão desse esforço para a atividade e para os preços, o que, associado à decisão de se prolongar o ciclo de ajuste, recomendaria uma reavaliação da estratégia de política monetária", afirma o texto.
O comitê ressalta que essa implementação de ajustes por um período "suficientemente prolongado" é a estratégia mais adequada para fazer com que inflação caminhe para o centro da meta em 2012. Neste ano, o BC já admite que a inflação deverá ficar acima do centro da meta, que é de 4,5% para os dois anos.
INFLAÇÃO
Na ata, o BC admite que o cenário econômico ainda está em um nível de incerteza "acima do usual", mas prevê que a inflação começará a cair no último trimestre deste ano, o que garantiria o cumprimento da meta no ano que vem.
Segundo a ata, porém, essa previsão pode não ocorrer, já que há "riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta". Entre os riscos está a forte demanda doméstica, impulsionada pelo crescimento da renda e pela expansão do crédito. O Copom ponderou que o ritmo de crescimento dessa demanda interna ainda é incerto, principalmente pelo vigor do mercado de trabalho.
"Essa avaliação encontra suporte em sinais que, apesar de indicarem certo arrefecimento, apontam que a expansão da oferta de crédito tende a persistir, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas; e no fato de a confiança de consumidores e de empresários se encontrar em níveis historicamente elevados", completa.
Outro risco apontado pelo comitê é a baixa ociosidade dos fatores de produção, ou seja, há pouco espaço para se produzir mais no país. Com menor produção e uma demanda alta, os preços dos produtos ficam mais caros.
CREDIBILIDADE
O Copom apelou para os bons resultados alcançados pela política monetária nos últimos anos quando as metas para a inflação foram cumpridas nos últimos sete --para tentar convencer o mercado de que a estratégia adotada pelo comitê de aumentar os juros de forma mais lenta, mas mais prolongada, estão no rumo certo.
"O poder da política monetária no Brasil vem aumentando ao longo dos últimos anos", afirma na ata.
Segundo a ata, tal estratégia "leva em conta as defasagens do mecanismo de transmissão e é a mais indicada para lidar com a incerteza inerente ao processo de formulação e de implementação da política monetária".
Na ata, o conselho reiterou várias vezes que o sucesso das medidas depende do cumprimento das metas de superavit primário (economia do governo para pagar os juros da dívida) estabelecidas pela equipe econômica. No início do ano, o governo anunciou um corte de R$ 50 bilhões no orçamento de 2011 para permitir o cumprimento da meta de superavit.
(Lorenna Rodrigues)
FONTE: Folha de S.P