Por enquanto, mercado ignora a mudança cambial do governo, que estendeu a cobrança de 6% do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os empréstimos tomados no exterior com prazo inferior a 2 anos
Dólar comercial abriu o dia em queda de 0,93%, negociado a R$ 1,599 no mercado interbancário de câmbio. No pregão de ontem, a moeda americana avançou 0,37% e foi cotada a R$ 1,614 no fechamento. Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar à vista abriu em queda de 0,84%, a R$ 1,599. Às 11h25, o dólar comercial registrava perda de 1,24%,a R$ 1,594. Na BM&F, no mesmo momento, a queda era de 1,18% a R$ 1,5935.
O mercado brasileiro começa o dia ignorando a mudança cambial que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem à noite. O governo adotou Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6% em operações de empréstimos com prazos de até um ano - novas e renovações - na semana passada e o mercado continuou derrubando o dólar. Ontem, com a cotação prestes a ficar baixo da marca de R$ 1,60, Mantega estendeu o prazo para dois anos e avisou que pode esticar ainda mais, se achar necessário. Segundo ele, o governo poderia tomar medidas mais drásticas, mas quer evitar efeitos colaterais negativos e, por isso, "prefere errar para menos".
"(O dólar) só não rompe a marca (de R$ 1,60) se a trajetória no exterior for no sentido oposto", disse um especialista. Até as 9h12, a moeda norte-americana era cotada perto da estabilidade no exterior, com o euro reagindo de forma morna à alta do juro do Banco Central Europeu (BCE). A medida já havia sido antecipada.
O problema são as expectativas. "O ministro Mantega gerou uma expectativa enorme por nada e o dólar hoje vai cair por causa disso. A medida é fraca", disse o operador da Interbolsa Brasil, Ovídio Pinho Soares. "O governo está errando na administração das expectativas", completa outro operador, lembrando que quando a entrevista sobre medidas cambiais foi anunciada ontem, o mercado "chutou" o dólar para cima. Porém, depois do anúncio, o mercado futuro devolveu a valorização. Ou seja, tudo indica que, para gerar um efeito na cotação, o governo terá que surpreender o mercado com uma mudança mais forte.
Vale ressaltar que, na avaliação de Mantega, o trabalho feito pelo governo até agora para amenizar a valorização do real está dando certo. Os números de médio prazo pesam a favor dele, apesar da reação amena nas últimas medidas. No primeiro trimestre do ano, o Brasil recebeu mais de US$ 35 bilhões e a cotação do dólar variou de R$ 1,664 a R$ 1,630, o que representa um recuo de 2,04%. No mesmo período, o euro saiu de US$ 1,3377 para US$ 1,4284, com alta de 6,78%.
FONTE: Estado de S.P