A manutenção do desempenho positivo da economia será um desafio ao próximo presidente brasileiro, aponta relatório do instituto de pesquisa americano Brookings.
A manutenção do desempenho positivo da economia será um desafio ao próximo presidente brasileiro, aponta relatório do instituto de pesquisa americano Brookings. A análise sugere que, para manter o ímpeto econômico, o país precisará diminuir os gargalos em infraestrutura, expandir os benefícios sociais e reduzir o peso da carga tributária. "Alcançar tudo isso e manter a estabilidade macroeconômica não é fácil. Descobrir a solução para resolver esse quebra-cabeça será o maior desafio da nova administração", aponta o texto. A avaliação contraria a onda de otimismo futuro em relação ao país. Segundo o relatório, a bonança atual da economia, pautada pela forte demanda chinesa por commodities, deve ser impactada. O apetite por matérias-primas deve arrefecer à medida em que o país asiático atingir uma renda per capita que leve à queda da demanda, sugere o relatório. "Especialistas acreditam que isso aconteça dentro de cinco anos", afirma o texto. Na visão dos analistas, o novo governo terá dificuldades em ampliar as políticas de transferência de renda, que, segundo o texto, deram importante contribuição para o avanço econômico. A expansão dos subsídios sociais intensificaria as pressões ao caixa do governo, que já sofre com os altos gastos do setor público e contribuem para superaquecimento. "O Brasil corre um sério risco de superaquecimento", indica. Isso levaria, segundo o relatório, à manutenção da fórmula que o Estado usa para conseguir manter os gastos: alta carga tributária e baixo nível de investimentos. Os tributos brasileiros -- cerca de 34% do PIB -- superam a carga de países desenvolvidos e a taxa de investimento é uma das mais baixas da América Latina. Os analistas recomendam que o país reavalie os programas que não contribuem para os objetivos sociais, redirecionando-os para investimentos. Estes também poderiam gerar dividendos sociais. "Difíceis decisões terão de ser tomadas e os atuais candidatos (à Presidência) permanecem em silêncio sobre quais ações serão tomadas na nova administração", aponta o relatório. INFLUÊNCIA POLÍTICA O texto critica as influências políticas na gestão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)e do Banco do Brasil, administrações que acabam desconsiderando as implicações fiscais futuras e de nível contestável de transparência. Ao elogiar as políticas de intervenção no câmbio para controle da valorização artificial, os pesquisadores admitem que elas não devem interromper o fluxo de moedas estrangeiras ingressantes no país. (GABRIEL BALDOCCHI)
FONTE: Folha de São Paulo