Disputa por terrenos bem localizados e maior venda de automóveis provocam alta de até 21% em um ano, diz IBGE
Disputa por terrenos bem localizados e maior venda de automóveis provocam alta de até 21% em um ano, diz IBGE
Preços em São Paulo e no Rio de Janeiro ainda estão bem abaixo dos cobrados no exterior e devem subir mais
Com estacionamentos virando canteiros de obras e mais de 8.500 veículos novos por dia, manter o carro estacionado fica mais caro.Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o preço do estacionamento aumentou em média 12,15% nos últimos 12 meses encerrados em agosto.
No mesmo período, o IPCA (índice oficial de inflação) ficou em 4,49%. Serviços em geral subiram 6,85%, segundo o Banco Central.O aumento chega a 21,2% em Belo Horizonte. Em São Paulo, a alta foi de 8,73%.
Apesar disso, os preços ainda estão distantes dos cobrados fora do Brasil. De acordo com levantamento da Colliers International, o estacionamento mensal custa em média R$ 259 em São Paulo e R$ 288 no Rio.As cidades com mensalidades mais caras são Londres (US$ 934 ou R$ 1.595) e Hong Kong (US$ 745, ou R$ 1.273).
"A alternativa, em Londres, acaba sendo o uso do transporte público. Só que lá o serviço tem qualidade. Aqui, não, e os preços do estacionamento vão subir ainda mais", afirma o diretor-geral da Colliers no Brasil, Ricardo Betancourt.
Betancourt cita também a expansão da venda de veículos (de janeiro a agosto foram 2,077 milhões, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) e o aquecimento do mercado imobiliário como motivos da alta dos preços.
Áreas visadas
Com o boom da construção civil, antigos estacionamentos dão lugar à construção de edifícios, e o aluguel dos terrenos (40% dos custos do setor) fica mais caro.
Helio Cerqueira Júnior, diretor da Estapar, empresa líder do setor, afirma que a oferta de vagas em São Paulo é precária. Há muitos estacionamentos em áreas visadas pela construção civil que tendem a desaparecer.
Um exemplo é o estacionamento localizado na esquina da avenida Paulista com a rua Pamplona, antigo endereço da família Matarazzo.
Ele fica na região mais cara de São Paulo, segundo a Col- liers (diária de R$ 26 e mensalidade de R$ 300), e dará espaço para a construção de um prédio comercial e um shopping center.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a torre, com previsão de entrega em 2014, deve atrair 1.090 carros na hora mais movimentada da manhã.
Como o rendimento do estacionamento diário é mais alto, a carência de vagas mensais é ainda maior.
"Hoje não tem vaga mensal. Recebo até telefonema de políticos pedindo vaga para a filha na PUC [cujo estacionamento é administrado pela Estapar]", conta.
FONTE: Folha de São Paulo/ MARIANA SCHREIBER