Assim como na quarta-feira, ontem também os termômetros registraram mais de 31ºC. Apesar de hoje ser o 113º dia sem chuva, especialistas consideram a situação normal
Calor vai às alturas —
Preparem os soros fisiológicos, umidifiquem os ambientes e se protejam do sol. O período de seca continua em Brasília. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revela que ontem foi o segundo dia mais quente do ano: 31,7ºC. Na véspera, o órgão divulgou que os termômetros haviam chegado a 31,5ºC. Mas, após rever ontem os dados, o Inmet concluiu que o recorde de dia mais quente do ano ocorreu mesmo na quarta-feira, com temperatura de 31,8ºC.
A umidade relativa do ar alcançou 18% nesta quinta-feira. As expectativas de chuva, normalmente previstas para a segunda quinzena de setembro, continuam distantes. Segundo os órgãos de monitoramento climático, não haverá formações de nuvens pelo menos até o fim de semana.
Os baixos índices provocam mal-estar nos brasilienses e são fatores que favorecem a ocorrência de queimadas. Até o início da noite de ontem, os bombeiros haviam recebido ocorrências de nove focos de incêndio no Plano Piloto e em cidades do lado norte do DF. Desde o início do ano, a corporação registrou cerca de 2,4 mil diferentes pontos consumidos pelo fogo.
Apesar da estiagem que parece sem fim — hoje é o 113º dia em que não cai sequer uma gota de água do céu de Brasília —, especialistas não monitoraram fenômenos atípicos no Distrito Federal. “A estação tem sido bastante seca, quando comparada ao ano passado. Mas as coisas ainda estão dentro da normalidade”, explicou o meteorologista Bruce Pontes, da ClimaTempo.
Os números colocam o brasiliense em estágio de atenção. Se a umidade relativa do ar permanecer entre 12% e 20% por três dias consecutivos, a situação muda de figura e passa a ser encarada como estado de alerta. O gerente de Minimização de Desastres da Defesa Civil, tenente-coronel Reginaldo de Jesus Souza, explica que, nesses casos, é preciso evitar ao máximo a realização de atividades físicas nas horas mais quentes do dia (veja quadro).
Por enquanto, as condições climáticas ainda não devem afetar a vida escolar dos estudantes do DF. A subsecretária de Gestão Pedagógica e Inclusão Educacional da pasta de Educação, Lívia Borges, explicou que a suspensão das aulas só ocorre mediante uma recomendação da Defesa Civil. As medidas drásticas são tomadas quando a umidade fica abaixo de 12%. “Temos orientado os diretores dos colégios a trabalhar no sentido de garantir o bem-estar dos estudantes, sem prejudicar as aulas”, afirmou.
Saúde das crianças
O tenente-coronel Reginaldo ressaltou que a interrupção do período letivo pode trazer um efeito inverso ao de garantir a saúde das crianças. “Com a liberação, os alunos ficam mais expostos porque acabam saindo para jogar bola nas ruas. A sala de aula é um ambiente mais protegido”, afirmou o gerente de Minimização de Desastres da Defesa Civil.
A servidora pública Grace Pontes, 33 anos, acredita que, nos colégios, os exercícios físicos devem ser feitos com restrições. O filho dela, o aluno do 4º ano Mateus Pontes, 11, frequenta a Escola Parque da 308 Sul às quintas-feiras, e a escola classe da mesma quadra no restante da semana. O garoto estuda pela manhã. “Nesse horário, o sol está ameno. Mas as turmas da tarde passam muito calor. As aulas de educação física deveriam ser feitas todas pela manhã nesta época do ano”, opinou a mãe. Mateus enfrenta dificuldades com a seca. “Minha boca está muito rachada”, contou o menino.
Mesmo com as previsões desanimadoras de continuidade da seca, a Defesa Civil começa a se preparar para o período chuvoso. Segundo o tenente-coronel Reginaldo, representantes das administrações regionais foram informados, em reunião, da necessidade de realizar a limpeza das redes de águas pluviais. O gerente avisou que a população também deve fazer sua parte. “É preciso limpar as calhas das casas e não jogar lixo nas ruas”, exemplificou.
O NÚMERO
18%
Umidade relativa do ar registrada ontem
Previna-se
Cuidados que devem ser tomados neste período de seca intensa:
» Evite atividades de exposição ao sol entre 10h e 17h.
» Umidifique o ambiente com vaporizadores, toalhas molhadas e recipientes com água
» Use hidratante e protetor solar
» Mantenha o ar-condicionado em torno de 23ºC, uma vez que o aparelho rouba a umidade do ar
» Coma alimentos com pouco sal e dê preferência a frutas, verduras e legumes
» Não jogue pontas de cigarro nem deixe garrafas de vidro perto de áreas verdes para evitar queimadas
FONTE: Correiro Braziliense