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Apesar de os empresários alegarem que operam com um deficit de 28%, GDF garante que sistema público tem margem positiva de 3,11% e descarta aumento na tarifa

Empresas reclamam, mas ônibus dá lucro —

Uma auditoria encomendada pelo Governo do Distrito Federal nas planilhas de custo do sistema de transporte coletivo revelou que as empresas de ônibus trabalham com lucro de 3,11%, apesar do reajuste salarial de 9% concedido a motoristas e a cobradores no início de junho. O resultado da análise, feita com ajuda de técnicos do órgão de transporte de São Paulo (Sptrans), rebate a tese defendida pelos empresários do setor de que o sistema opera com um deficit de 28%.

Com base no resultado do estudo, o governador Rogério Rosso negou o aumento de passagem pleiteado pela classe patronal, que reivindica 42% de reajuste na tarifa para compensar o deficit. O Distrito Federal tem uma tarifa média de R$ 2,50, uma das mais caras do país. Os dados foram apresentados ontem por Rosso durante entrevista coletiva concedida na residência oficial, em Águas Claras. Na ocasião, o governador assinou decreto determinando que o Transporte Urbano do DF (DFtrans) realize estudo, com apoio de outros órgãos de governo, sobre a demanda do transporte coletivo em todo o território do DF.

O trabalho vai apontar se há necessidade de abertura de processo licitatório para a frota atual e/ou a criação de mais linhas de ônibus. A ordem será publicada hoje no Diário Oficial do DF. “São estudos complexos que vão levar tempo para serem concluídos”, afirmou Rosso. Não está descartada a realização de novas licitações para conceder autorização a novas concessionárias de transporte.

Apesar da conclusão da auditoria, não está descartado um reajuste tarifário. De acordo com o GDF, caso seja sancionado na íntegra o projeto de lei, já aprovado pela Câmara Legislativa, que altera o Passe Livre Estudantil, poderá haver impacto na tarifa. O aumento necessário para custar dois terços do benefício aos estudantes ficaria entre 4% e 5%. O governador tem até a próxima sexta-feira para vetar, sancionar ou aprovar parcialmente o projeto de lei (veja quadro com a proposta inicial do GDF e o texto final aprovado pelos distritais).

O governador garantiu ainda que até o fim deste ano será realizada uma licitação para a escolha da nova empresa que irá controlar o Sistema de Bilhetagem Eletrônico (SBA), atualmente gerido pela Fácil — comandada por proprietários de concessionárias de ônibus do DF, entre eles o presidente do Sindicato da Empresas de Transporte Coletivo (Setransp-DF) e dono da Viplan ,Wagner Canhedo Filho. Entre outras medidas anunciadas, que visam controlar o sistema, está uma auditoria permanente nos custos e nos ganhos das operadoras de ônibus, que ficará a cargo do DFtrans. “É impossível replanejar todo o sistema em tão pouco tempo, mas é preciso resolver os problemas pontuais”, afirmou Rosso.

Os empresários não se manifestaram sobre a auditoria. Os donos das empresas tinham a expectativa de que o governo cederia à pressão e aumentaria a passagem, que não é corrigida há quatro anos e meio. Na semana passada, as empresas Viplan, Planeta e Riacho Grande pagaram parte do salário (40%) e R$ 112 da cesta básica dos empregados com atraso de três dias. Elas justificaram não ter dinheiro em caixa e fizeram empréstimos bancários para honrar os compromissos trabalhistas.

Em nota, o Setransp já sinalizou que os empresários teriam dificuldades para depositar o restante do pagamento (60%) no próximo dia 5. “Espero bom senso de todas as partes para que não ocorra outras paralisações. Se o governo perceber que há intransigência para forçar o reajuste, tomará medidas convenientes”, ameaçou Rosso, sem entrar em detalhes.

Fique por dentro
Veja abaixo a comparação entre a proposta inicial do GDF para o Passe Livre e o texto final aprovado pela Câmara Legislativa

             Proposta do Executivo

·         Propõe um limitador social a alunos de instituições públicas e alunos de escolas particulares, cuja a renda familiar seja de quatro salários mínimos (R$ 2.040) ou de até seis salários, de acordo com previsão orçamentária. Aqueles que não se enquadram no limitador social voltam a pagar um terço da passagem.
·         Pagamento à operadora mediante comprovação da utilização dos créditos, e não de forma antecipada, como ocorre hoje.
·         O DFtrans terá acesso integral aos cadastros dos beneficiários do Passe Livre Estudantil, mantidos pela operadora do Sistema de Bilhetagem Eletrônico e pelo Metrô-DF.

Texto aprovado pelo Legislativo (PL nº 1.588/2010)
·         A gratuidade será concedida pelo GDF, que custeará um terço do valor,e pelo Sistema de Transporte Público Coletivo do Distrito Federal, que arcará com dois terços dos custos — valor que precisará ser diluído no cálculo geral da tarifa.
·         O GDF pagará parte das viagens para a operadora do sistema e para o Metrô apenas após a comprovação de que os créditos foram usados pelos estudantes.
·         O cadastro de usuários e o acompanhamento do serviço ficarão a cargo do governo.
 
(Marina Sacramento)
FONTE: Correio Braziliense

 

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