O governo pressiona para que um terceiro consórcio seja costurado para a disputa do leilão da hidrelétrica de Belo Monte. Ele seria composto de empresas que não se inscreveram para se associar à Eletrobras, mas que não ficariam sem a estatal ou alguma de suas controladas (Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul) como sócia, com participação de 49%.
Para disputar Belo Monte, Suez e fundos de pensão aproveitariam brecha no edital e se juntariam à estatal após licitação
Terceiro consórcio poderá ser fechado até amanhã, quando se encerra o prazo para as inscrições e para o depósito das garantias
O governo pressiona para que um terceiro consórcio seja costurado para a disputa do leilão da hidrelétrica de Belo Monte. Ele seria composto de empresas que não se inscreveram para se associar à Eletrobras, mas que não ficariam sem a estatal ou alguma de suas controladas (Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul) como sócia, com participação de 49%.
O governo se apoia na brecha do edital do leilão que permite um "sócio estratégico" que entra posteriormente no grupo.
Até ontem, o governo contava com dois consórcios de empresas na participação do leilão, que ocorrerá dia 20: o primeiro, já oficializado, é composto por Andrade Gutierrez, Vale, Neoenergia e Votorantim.
O segundo, em formação, teria as construtoras Queiroz Galvão, Serveng, J. Malucelli, OAS e Mendes Júnior, além da Alupar e da Bertin.
O terceiro grupo incluiria a empresa de energia Suez e contaria também com a participação de fundos de pensão ligados às estatais como Petros, Funcef e até mesmo Previ, que já participa indiretamente de outro consórcio por meio de suas controladas Neoenergia e Vale.
O presidente da Suez no Brasil, Maurício Bahr, disse que ainda não há decisão tomada.
Como a legislação impede que fundos tenham exposição muito alta em projetos como investidores diretos, a solução para a Previ seria uma participação via CPFL, sua outra controlada na área elétrica.
Ontem, o diretor de Participações da Previ, Joilson Ferreira, negou que o governo tenha pressionado o fundo a entrar em mais de um consórcio.
O terceiro consórcio pode ser fechado até amanhã, quando acaba o prazo para as inscrições e para o depósito das garantias no valor de R$ 190 milhões (1% do valor do investimento).
A utilização dos fundos de pensão -que poderiam participar, individualmente, de qualquer consórcio- como forma de viabilizar a disputa no leilão não é vista no governo como prejudicial às instituições de previdência complementar.
Auxiliar direto de Lula afirma que os fundos não terão prejuízo com o investimento e que se capitalizarão a longo prazo.
Para o governo, o projeto não tem como dar errado e, mesmo que o retorno seja menor do que o esperado, continuará nos patamares de rentabilidade exigidos pela legislação vigente.
A desistência de Odebrecht e Camargo Corrêa não modificou a intenção de realizar o leilão. Segundo especialistas, elas podem ter saído da disputa como investidoras, mas podem voltar como construtoras.
O excesso de participação de construtoras preocupa o governo. O segundo consórcio teria ao menos cinco empreiteiras, e o edital da usina limita em 20% a participação acionária direta conjunta de fornecedores e construtores em sociedade de propósito específico.
Fonte próxima às negociações diz que esse limite é só na hora da assinar o contrato de concessão. No momento do lance, esse limite é de 40%, contanto que o consórcio informe, na inscrição, que pretende ter, até a homologação do contrato, um "sócio estratégico".
FONTE: Folha de São Paulo