Banco central prevê inflação acima do centro da meta

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O Banco Central aumentou suas previsões para a inflação em 2010 e 2011, que já estavam acima da meta de 4,5% fixada pelo governo.

O Banco Central aumentou suas previsões para a inflação em 2010 e 2011, que já estavam acima da meta de 4,5% fixada pelo governo. No Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem, o BC projetou uma taxa de 5,2% para o aumento dos preços em 2010. Em dezembro, a projeção estava em 4,6%.
Para 2011, a inflação ficaria em 4,9% se os juros fossem mantidos no patamar atual (8,75% anuais), mas cairia para 4,4% se a taxa básica (Selic) subisse, conforme previsto pelo mercado financeiro.
Há duas semanas, o BC decidiu deixar para abril o início do novo ciclo de aumento dos juros esperado para este ano. No mercado financeiro, a expectativa é que a Selic comece a subir no próximo mês, para terminar o ano em 11,25% ao ano.
O novo diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Vasconcelos, que assumiu ontem o cargo em substituição a Mário Mesquita, afirmou que a demanda dos consumidores voltou a crescer mais do que a oferta de produtos, o que "certamente tem impactos inflacionários". Disse também que, se a capacidade produtiva da economia brasileira não se esgotou, está perto do limite.
O BC também vê com preocupação aumentos de salários em alguns setores, o que pode afetar preços. "[O aumento da inflação no início do ano] se deve a fatores sazonais e também à demanda mais aquecida do que imaginávamos, que cresce em um ritmo maior do que a oferta pode atender", afirmou.
Para o BC, o maior risco neste momento é que a alta recente da inflação se torne um movimento permanente. Se isso se confirmar, "os custos necessários para se trazer a inflação de volta à trajetória das metas podem ser significativos". Isso significa aumento de juros, ou, como diz o BC, "ações tempestivas de política monetária".
Apesar dessa possibilidade, o diretor do BC disse que o aumento de juros projetado no mercado está de acordo com as sinalizações da instituição.
Para o economista Roberto Padovani, do Banco WestLB, o BC indicou no relatório que a decisão de subir a taxa Selic não será adiada novamente, mas também não deve alcançar uma magnitude muito além do previsto pelos economistas.
"O relatório deixa claro que a taxa de juros atual é completamente insustentável, gera crescimento inflacionário. Mostra também que, se o BC elevasse os juros muito cedo, em março, poderia deixar a inflação de 2011 muito abaixo da meta, o que também não é desejável."
Em dezembro, o BC estabeleceu uma "estratégia de saída" das medidas de estímulo para sair da crise, a ser implementada nos primeiros meses do ano. Os três diretores que votaram pelo aumento dos juros em março defenderam a antecipação desse cronograma.

EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FONTE: Folha de São Paulo

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