Com medo de a Câmara aprovar um reajuste maior para os aposentados que ganham acima do mínimo, o governo decidiu não votar nenhuma medida provisória na próxima semana. A intenção é ganhar tempo para fechar um acordo factível e não forçar o presidente Lula a vetar a proposta, uma ação impopular em ano eleitoral.
Com medo de a Câmara aprovar um reajuste maior para os aposentados que ganham acima do mínimo, o governo decidiu não votar nenhuma medida provisória na próxima semana. A intenção é ganhar tempo para fechar um acordo factível e não forçar o presidente Lula a vetar a proposta, uma ação impopular em ano eleitoral.
Por isso, o governo já estuda a possibilidade de aprovar uma mudança no texto original enviado ao Congresso: em vez de o reajuste ser inflação mais aumento real de 50% da variação do PIB, aumentar esse percentual para 80% do PIB de 2008.
Grande parte dos deputados da própria base aliada ao governo e partidos da oposição, porém, querem aprovar uma emenda com ganho real equivalente a 100% da variação do PIB. Além disso, querem o aumento retroativo.
A pouco mais de seis meses da eleição, as chances de a emenda passar são grandes. Com a justificativa de que o rombo para a Previdência seria muito grande, o presidente Lula vetaria o texto.
"Nossa preocupação é não deixar o eleitoralismo tomar conta. Podemos analisar o que é reivindicação justa. O que não concordamos é que seja dado o mesmo reajuste do mínimo aos aposentados", disse o líder do governo na Câmara e relator da medida provisória, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Até agora, o deputado rejeitou todas as emendas apresentadas à MP. Uma delas, que define o aumento de 100% do PIB, foi apresentada pelo bloquinho (grupo de partidos como PSB, PDT e PCdoB).
Técnicos do governo calculam que o impacto com o reajuste de 80% do valor do PIB seria de até R$ 3 bilhões. Vaccarezza deve se reunir já no começo da semana com ministros e centrais sindicais para bater o martelo sobre os valores.
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Fonte: Folha online