Os limites do corpo

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Os benefícios do esporte para uma vida saudável já foram amplamente comprovados. Não à toa, cresce a cada dia a frequência em academias, as participações em corridas de rua, as caminhadas diárias. Mas a prática esportiva deve estar aliada a uma alimentação balanceada e a um acompanhamento médico - e até psicológico - para prevenir problemas.

Eneila Reis

Os benefícios do esporte para uma vida saudável já foram amplamente comprovados. Não à toa, cresce a cada dia a frequência em academias, as participações em corridas de rua, as caminhadas diárias. Mas a prática esportiva deve estar aliada a uma alimentação balanceada e a um acompanhamento médico — e até psicológico — para prevenir problemas. Mortes recentes entre esportistas de alto rendimento chamam a atenção para um regra básica: há que se respeitar os limites do corpo.

A baixa mais recente veio do futsal, na última sexta-feira. José Carvalho da Cunha Júnior, o Rabicó, 39 anos, ex-pivô da Seleção Brasileira, morreu de enfarte após um jogo de seu time, o Assaf de Santa Cruz do Sul (RS), pelo Campeonato Gaúcho. No momento em que concedia entrevista aos repórteres, caiu desacordado na quadra. Levado ao hospital, não resistiu.

Segundo a assessoria de comunicação do Assaf, Rabicó se submetia a exames periódicos e nunca apresentou problemas cardíacos. Treinava praticamente todos os dias, mas em menor intensidade do que os jogadores mais jovens. E pensava em se aposentar na próxima temporada.

No início de abril, o triatlo brasileiro sofreu com a perda do piauiense Edmundo Alves da Costa, 60 anos, que morava em Brasília. O laudo da morte ainda não saiu, mas ele passou mal enquanto disputava o trecho de corrida do Campeonato Brasileiro, em Nova Lima (MG). De acordo com a família, Edmundo não costumava fazer check-up porque não tinha plano de saúde.

Dias antes, na mesma cidade mineira, morreu Breno Cardoso Rebehy, 34 anos, que participava de uma competição aquática. Professor de educação física, Breno tinha treinador e, segundo o presidente da Federação de Triatlo de Minas Gerais, Bruno Khouri, sempre cuidou da saúde.

Não existe um número oficial de atletas mortos repentinamente no Brasil a cada ano, mas esses casos recentes reacenderam a questão sobre a necessidade de os competidores fazerem exames de rotina.

Aviso
O médico Nabil Ghorayebi, especialista em cardiologia e em medicina do esporte, ressalta que um enfarte não ocorre sem aviso. “Tem que ter algum fator de risco não controlado, como obesidade, pressão e colesterol altos. Por isso, é importante que todo atleta faça um exame de pré-participação com um médico experiente em atendimentos a esportistas. Muitas vezes pequenas constatações podem causar grandes alterações”, explicou Nabil.

O especialista destacou que o departamento de CardioEsporte do Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo, onde trabalha há 38 anos, é pioneiro em avaliações regulares de quem os procura. “Fazemos baterias de exames há mais de três décadas.” No instituto, foram diagnosticados problema cardíacos, benignos ou malignos, em 8,2% de 3.500 atletas com idade até 35 anos.

O médico Pedro Carrusca, cardiologista do Hospital de Base especializado em ergometria e reabilitação cardíaca, afirmou que o check-up é fundamental, pois algumas doenças são assintomáticas. Maratonista, Carrusca disse que os casos mais comuns são a hipertensão arterial e o diabetes. “O importante é ouvir os sinais que o organismo dá. Por exemplo: cansaço excessivo e desproporcional ao esforço realizado, principalmente se o indivíduo já fazia esses mesmos exercícios sem sintomas.”

De acordo com Carrusca, o indivíduo sadio que pratica regularmente atividades físicas deve fazer exames anuais. Quanto aos iniciantes, é necessário procurar um cardiologista. Um clínico, um ortopedista e um nutricionista também devem ser consultados.

Outro ponto que serve de alerta é a dor precordial — o precórdio é a porção do corpo sobre o coração e à esquerda da porção inferior do esterno —, que pode ou não se irradiar para o pescoço e os braços.

Na opinião do triatleta, maratonista e ortopedista Esdras Calland de Sousa Rosa, especialista em traumatologia desportiva do Centro Ortopédico de Brasília (COB), seria ótimo se o atleta visitasse um bom fisiologista do esporte para aprender mais sobre o corpo humano. “Prevenir é importante, apesar de não existir nenhum exame infalível. Ele é apenas um orientador.”

No exterior
Enquanto no Brasil faltam dados organizados sobre mortalidade no esporte, nos Estados Unidos, onde não há avaliação obrigatória antes de competições, os números indicam 20 a 25 mortes anuais de jovens atletas. “Os exames de milhares de atletas representariam gastos de milhões de dólares. Lá, um eletrocardiograma (ECG) custa US$ 118 (R$ 253), o teste ergométrico mais de US$ 1 mil (R$ 2,1 mil) e um ecocardiograma, US$ 950 (R$ 2,041 mil)”, apontou Ghorayebi.

Na Itália, há uma lei federal que obriga os atletas federados a fazerem avaliações cardiológicas e ECG — se for necessário, também ecocardiograma e teste ergométrico. Nos últimos 25 anos, de 34 mil avaliados, 1.000 apresentaram doenças sérias.

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