Mamografia na era digital

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As estatísticas emolduram um cenário em que prevenção e tecnologia são palavras de ordem, sobretudo para as mulheres de Brasília. Segundo dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Distrito Federal alcança o maior índice de mortalidade por câncer de mama, em comparação com as demais unidades federativas.

As estatísticas emolduram um cenário em que prevenção e tecnologia são palavras de ordem, sobretudo para as mulheres de Brasília. Segundo dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Distrito Federal alcança o maior índice de mortalidade por câncer de mama, em comparação com as demais unidades federativas. Aqui, de acordo com levantamento de 2006, são 97,17 óbitos por câncer de mama para cada grupo de 100 mil. A expectativa para este ano não ameniza a situação: em 2008, espera-se o diagnóstico de 51,11 novos casos, tomando como base a mesma proporção. Em meio aos números alarmantes, a boa notícia: populariza-se na capital um novo mamógrafo, que proporciona diagnósticos mais precisos que o método convencional.
O mamógrafo digital sai em vantagem em diversos quesitos: resultados mais rápidos, menor exposição à radiação, melhor qualidade da imagem, que tem maior nitidez e contraste, permitindo ampliar minúsculas microcalcificações malignas. Até mesmo no quesito desconforto a tecnologia digital oferece vantagens, pois a pressão das chapas contra a mama é um pouco menor e mais rápida.
“As possibilidades das técnicas digitais são muitas, porque não existe mais a limitação da chapa do método analógico. O exame, em vez de ser impresso, é guardado como um arquivo de computador. Com isso, ele pode ser alterado digitalmente para facilitar o diagnóstico”, explica a médica PhD. em radiologia Janice Lamas. Por exemplo, pode-se aumentar ou diminuir o brilho da imagem, mexer no contraste para distinguir com mais precisão a pele e as possíveis calcificações e aumentar em até 400% a imagem com o zoom digital. “Em uma mamografia convencional, pequenas calcificações poderiam passar despercebidas por estarem em uma zona mais densa. Mulheres mais jovens, antes da menopausa ou em uso de terapêutica hormonal, apresentam normalmente mamas assim. Característica que dificulta a análise no método analógico.” Estudos do Digital Mammographic Imaging Screening Trial, publicados em setembro de 2005, comprovaram que o exame digital tem mais sensibilidade para mulheres com as mamas densas ou heterogêneas, com menos de 50 anos e nas peri-menopáusicas.
Apesar das vantagens, a tecnologia não está disponível no sistema público de saúde, e ainda são poucas as clínicas particulares que têm os aparelhos. Segundo o chefe do Núcleo de Atenção Integral à Saúde da Mulher do Governo do Distrito Federal, o ginecologista Luciano Gois, a qualidade superior dos mamógrafos digitais é incontestável, mas o alto custo desses aparelhos ainda impossibilita a implantação em hospitais públicos. Mesmo não podendo contar com a compra de tais aparelhos, é possível viabilizar o sistema digital com os mamógrafos convencionais, utilizando scanners que digitalizam a imagem. “Assim, os mastologistas mandariam a imagem, via internet, para centros nacionais de análises de imagens, onde equipes de radiologistas capacitados dariam o diagnóstico também via internet, reduzindo custos, aumentando a precisão e diminuindo o tempo de espera pelo resultado dos exames”, explica Luciano.
Em países de primeiro mundo esse sistema já é utilizado, mas no Brasil ainda é apenas uma idéia. Luciano Gois conta que a média indicada é de um mamógrafo para cada 200 mil habitantes. No DF, são 12 mamógrafos no sistema público, que suspostamente atenderiam com facilidade a população de mais de quase 2,5 milhões de habitantes. Mas a falta de planejamento e a burocracia dificultam o trabalho dos médicos. “Não conseguimos botar mais de oito mamógrafos funcionando ao mesmo tempo no DF. E quem sai perdendo é a população.” Para o médico, a digitalização do sistema seria uma provável solução para a melhora no atendimento, do tempo de espera da consulta e do resultado do exame. “Infelizmente as falhas no sistema levam a diagnósticos tardios e elevam os índices de mortalidade”, lamenta.

EXAME QUE SALVA

A importância da realização regular da mamografia é imensa. No país, segundo o mastologista João Bosco Lucena, dois terços dos cânceres de mama são diagnosticados em fase avançada. “O auto-exame da mama, muito difundido no país, apenas detecta nódulos com mais de um centímetro, em estágio bem avançado. Ele acaba sendo usado como desculpa para muitas mulheres não fazerem a mamografia.” Para João Bosco, as mulheres se auto-examinam, não detectam nenhum nódulo, e acham que está tudo bem. “Com a mamografia, podemos detectar cânceres com um décimo de milímetro, e poupar a pessoa de grandes intervenções cirúrgicas, mastectomia (amputação do seio) e quimioterapia, por exemplo.” O médico explica que seu posicionamento pode parecer radical, mas explica que em países como a Suécia, o auto-exame não é difundido e as mulheres fazem a mamografia e ecografias da mama todo ano. “O ideal é que a partir dos 35 anos todas as mulheres façam esses exames anualmente. Nas que têm casos de câncer de mama na família, os exames devem começar já aos 30 anos de idade”, adverte.
Para Raquel Varela, 48 anos, a tecnologia foi grande aliada na luta contra um câncer retirado da mama direita. “Depois dos 40 anos, percebia alguns nódulos no seio, que eram sempre diagnosticados como benignos. Em maio de 2005, um novo nódulo encontrado durante um exame de mamografia digital chamou a atenção dos médicos. A biópsia confirmou o câncer. Perdi meu chão naquele momento, mas fiquei grata pelo diagnóstico precoce que possibilitou minha cura”, conta. Hoje, Raquel faz o exame duas vezes por ano e não reclama de desconforto. “Se as mulheres que temem esse exame soubessem o quanto ele pode salvar vidas se feito regularmente, não reclamariam tanto.”

OS AVANÇOS TECNOLÓGICOS

  • A mamografia analógica tem as vantagens do baixo custo e do treinamento acumulado pelos especialistas, mas conta com baixo contraste (menor número de tons cinza), maior compressão e maior dose de radiação. “As mulheres se queixam de maior dor e pressão com a convencional”, afirma a radiologista Janice Lamas. 
  • Em fevereiro de 2000, foi lançado o primeiro mamógrafo digital de silício amorfo. “De lá para cá, os equipamentos foram evoluindo tecnologicamente e, hoje, os detectores de selênio são capazes de transformar 100% dos raios-x em sinal eletrônico”, informa Janice. 
  • Existem vertentes contrárias ao uso da mamografia digital que estão centralmente ligadas ao custo. “Esses problemas existem não apenas no Brasil. Em todo o mundo, as novas tecnologias só ficam acessíveis com a fabricação em série e a utilização em massa”, diz Janice Lamas. 
  • A mamografia pode diagnosticar problemas como câncer, alterações benignas da mama e alterações oriundas de outros órgãos, com manifestação mamária — leucemia, linfoma, doenças auto-imunes, doenças decorrentes da baixa imunidade, doenças do colágeno, sarcoidose, artrite reumatóide e lúpus, entre outras. 
  • Existem outros avanços tecnológicos no diagnóstico e tratamento do câncer de mama, como ultra-sonografia, ressonância magnética ou biópsias de fragmento guiadas por estereotaxia.

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