A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), maior fundo de pensão do país, vai se desfazer de sua participação histórica na companhia de fumo e cigarros Souza Cruz. A fundação detém cerca de 2% do capital da empresa. A preços de mercado, é uma fatia da ordem de R$ 380 milhões.
A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), maior fundo de pensão do país, vai se desfazer de sua participação histórica na companhia de fumo e cigarros Souza Cruz. A fundação detém cerca de 2% do capital da empresa. A preços de mercado, é uma fatia da ordem de R$ 380 milhões.
A decisão deve-se à política "socioambiental" de investimento da fundação, que passará a ser aplicada com mais rigor a partir deste ano. Sérgio Rosa, presidente do fundo que tem um patrimônio de R$ 122 bilhões, explicou que o objetivo é não ter participação em companhias de armas e fumo.
A Souza Cruz é a única empresa de capital aberto da bolsa brasileira do setor de tabaco. A fatia da Previ na companhia tem mais de 20 anos e está entre as mais antigas da carteira de ações, que soma perto de R$ 60 bilhões. Não há um prazo para a venda, mas a ideia é que aconteça neste ano. O setor de bebidas, que também gera polêmicas sobre seu impacto social, continua na lista do fundo de pensão, com uma fatia de 4,9% na AmBev.
A Previ teve papel fundamental na instalação do conselho fiscal da Souza Cruz, em 2008. Na assembleia ordinária deste ano, a fundação conseguiu ainda que fosse eleito um membro indicado pelos minoritários nesse colegiado.
Rosa contou que a política socioambiental foi formalizada em 2007. No entanto, havia a preocupação de fazer os ajustes internos de acordo com as mesmas políticas de gestão na relação com fornecedores, funcionários e toda a cadeia de interessados antes de cobrar mais ativamente tais princípios das companhias investidas. "Não dá para cobrar o que você não faz." Na semana passada, os princípios foram passados para todos os funcionários, concretizando assim a última etapa da implantação da política.
Neste ano, a Previ também deve voltar a publicar o balanço social de acordo com as práticas da Global Reporting Iniciative (GRI). Segundo Rosa, a fundação publicou entre 2003 e 2005. O objetivo é enfatizar o pedido para que as companhias investidas também adotem o relatório do GRI.
Além disso, a fundação faz parte da iniciativa da Organizações das Nações Unidas para investimento sustentável conhecida como Princípios para Investimento Responsável (PRI). Faz parte de projeto, a tentativa desenvolver uma metodologia para buscar uma forma de atribuir valor, de maneira objetiva, às iniciativas sustentáveis. "Esse continua sendo o grande desafio do tema", admite Rosa.
A meta da Previ é vender um total de R$ 3 bilhões de sua carteira de ações em 2009. "A maior parte corresponde à venda da participação na Brasil Telecom", disse Rosa, com relação à compra do controle da operadora pela Oi. Boa parte desse volume já foi alcançada.
No começo de junho, a fundação vendeu a participação de 6,8% que detinha em ações preferenciais da Duratex. Foi um negócio menor, que movimentou aproximadamente R$ 96 milhões.