Real é a 3 ª moeda mais volátil

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Um levantamento realizado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Depecon/Fiesp) mostra que o real foi a terceira moeda mais volátil do mundo entre setembro de 2008 e junho deste ano.

Um levantamento realizado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Depecon/Fiesp) mostra que o real foi a terceira moeda mais volátil do mundo entre setembro de 2008 e junho deste ano. Setembro foi o mês em que a crise mundial se aprofundou. Em um período mais longo, de 2003 a junho deste ano, a moeda brasileira pula para o primeiro lugar.
"O real é o campeão da volatilidade tanto na valorização quanto na desvalorização", diz o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da entidade, Roberto Giannetti da Fonseca. "Essas oscilações trazem enorme insegurança. Os agentes não conseguem fazer um planejamento adequado."

Na avaliação de Giannetti, esse vaivém ocorre por causa do "viés financeiro que prevalece na economia brasileira hoje". "Esse capital entra e sai do País com muita liberdade. A estabilidade cambial é tão ou mais importante do que a monetária e cabe ao BC (Banco Central) cuidar disso", afirmou.

Para ele, o setor privado e o governo devem se debruçar sobre o tema em busca de uma solução. O diretor da Fiesp revela que uma cópia do estudo já foi entregue ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Ele disse que discutiria o assunto no CMN (Conselho Monetário Nacional)", afirmou.

A Fiesp não tem uma posição oficial sobre o que deve ser feito para resolver ou amenizar o problema, uma vez que o tema do câmbio é muito sensível e a entidade defende o câmbio flutuante. Pessoalmente, Giannetti, que é economista, defende a adoção de algum tipo de controle de capital no Brasil. "Países como Chile, Colômbia e Malásia adotaram limites ao investimento estrangeiro em alguns momentos, seja estabelecendo um prazo ou um imposto."

O sócio da Tendências Consultoria Nathan Blanche, considerado um dos maiores especialistas em mercado de câmbio do País, aponta uma outra direção para a solução do problema. Para ele, o Brasil tem de aumentar a eficiência da economia (e, consequentemente, do comércio exterior) com outro tipo de medida. "Temos de diminuir o custo Brasil", defende.

Blanche cita a participação dos impostos e contribuições trabalhistas na folha de pagamento. "No Brasil, são 40,6%, ante 14,6% na média da América Latina e 24,4% na OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que inclui Alemanha, Canadá, Japão e Itália)."

Para Blanche, não se pode culpar a taxa de câmbio pela forte queda da indústria brasileira em 2009. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial recuou 13,9% entre janeiro e maio, na comparação com o mesmo período do ano passado. "O Brasil ainda é um País fechado, portanto, o maior impacto da crise na indústria se deu pela retração do mercado interno." Blanche acredita que o real ainda tem fôlego para se valorizar. Ele projeta o dólar a R$ 1,85 no fim do ano.

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