O ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu em defesa do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, em meio a suspeitas de que a instituição aumentou as taxas de juros cobradas nas operações de crédito. "Ele deu as devidas explicações", afirmou Mantega, após almoço com executivos do BB e encontro com funcionários na sede do banco.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, saiu em defesa do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, em meio a suspeitas de que a instituição aumentou as taxas de juros cobradas nas operações de crédito. "Ele deu as devidas explicações", afirmou Mantega, após almoço com executivos do BB e encontro com funcionários na sede do banco.
Bendine esteve sob ataque nos últimos dias porque estatísticas oficiais do Banco Central mostram que, depois que ele assumiu o cargo, em 24 de abril, os juros médios cobrados pelo BB subiram. O seu antecessor, Antonio Francisco de Lima Neto, foi demitido porque se recusava a fazer cortes mais agressivos dos juros, com receio de comprometer o equilíbrio econômico do BB, e porque questionou os critérios estatísticos do BC.
Além do apoio de Mantega, Bendine mostrou afinamento com o presidente do BC, Henrique Meirelles. Os dois combinaram uma estratégia de resposta às acusações de alta de juros. O BB não questionou diretamente os critérios estatísticos do BC.
O BC, por sua vez, admite que suas estatísticas tem um escopo limitado e que o BB pode ter suas próprias explicações para a alta ocorrida no período. As estatísticas do BC mostram, por exemplo, que os juros médios do crédito pessoal no BB subiram de 2,31% para 2,52% desde meados de abril. Aumentaram também em linhas como capital de giro para empresas e cheque especial.
Mantega, que durante a entrevista referiu-se ao presidente do BB apenas pelo seu apelido, Dida, disse que a alta dos juros médios do banco federal se explica por fatores como o alargamento do prazo das operações de crédito e pela mudança no perfil de risco dos tomadores de crédito. "O BB está expandindo o crédito mais do que os demais bancos do sistema", disse Mantega. "Também está reduzindo as taxas de juros nas principais linhas." O ministro disse que é desejável que as taxas continuem em queda, mas ponderou que o ritmo de ajuste vem ocorrendo de forma satisfatória.
O vice presidente de cartões e novos negócios do BB, Paulo Rogério Caffarelli, foi destacado para dar explicações detalhadas sobre a alta de juros capturadas pelas estatísticas oficiais do BC. A tarefa mobilizou também doze dos principais executivos do banco. O argumento é que o BB reduziu os juros, mas isso não apareceu ainda nas estatísticas.
Um dos problemas, afirma Caffarelli, é que a base estatística é ainda é pequena para refletir com exatidão a política de taxas do BB sob a nova direção. O BC divulga dados com defasagem de duas semanas. Assim, o dado mais recente disponível é a média das taxas de juros praticada pelo banco entre 29 de abril e 6 de maio. Há apenas cinco dados disponíveis a partir de 24 de abril, quando Bendine assumiu a presidência.
Outro ponto, argumenta o executivo do BB, é que as estatísticas do BC são médias ponderadas, sem o ajuste pelo risco de cada cliente nem pelo prazo das operações. O BB, como todos os bancos, cobra taxas de juros diferenciadas segundo o perfil de risco de cada cliente. Clientes com perfil de risco maior pagam juros maiores. As características das operações de crédito também levam a juros diferenciados. Por exemplo, os juros podem ser menores se o cliente oferece garantias de boa qualidade.
Assim, se num determinado dia o BB contrata mais operações com clientes com perfil mais arriscado, o juro médio dos empréstimos pode subir, apesar de o banco não ter mudado sua tabela de preços. Raciocínio semelhante vale para operações mais arriscadas. Se o banco contrata mais operações sem boas garantias, os juros médios daquele dia tende a ser maiores.
Há, ainda, uma relação direta entre prazos e juros. Em geral, operações com prazos mais longo têm juros maiores, porque o risco é também maior. Nas últimas semanas, o BB aumentou o prazo de algumas linhas de crédito, como financiamento à linha branca e materiais para construção.