A crise financeira internacional vai afetar os salários pagos ao redor do mundo. Uma projeção feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que em 2009 os rendimentos do trabalho devem crescer, em média, 1,1% acima da inflação, variação inferior à registrada em anos anteriores.
A crise financeira internacional vai afetar os salários pagos ao redor do mundo. Uma projeção feita pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que em 2009 os rendimentos do trabalho devem crescer, em média, 1,1% acima da inflação, variação inferior à registrada em anos anteriores. Em 2008 a previsão é que tenham aumento real de 1,7%. De 2001 a 2007 quase a metade dos países teve reajustes médios acima de 2%, segundo o Relatório Mundial sobre Salários 2008/2009, divulgado ontem pela OIT. A turbulência terá impactos ainda mais negativos nos países industrializados. A estimativa é que os salários desses locais tenham reajustes médios de 0,8% em 2008 e recuem 0,5% no próximo ano.
No Brasil as notícias também não são boas. A média anual de alta do rendimento entre 2001 e 2007 foi de 0,3%, de acordo com a OIT. Mesmo índice registrado para os outros países da América Latina, mas bem abaixo do verificado em outros emergentes, que promoveram aumentos próximos a 10% ao ano. De acordo com o estudo, a crise vai prejudicar os trabalhadores porque, mesmo quando a economia cresce, eles não são beneficiados com reajustes nas mesmas proporções do avanço da produção. Entre 1995 e 2007 cada US$ 1 adicional de aumento anual do Produto Interno Bruto (PIB) per capita resultou em um acréscimo de somente US$ 0,75% na valorização dos salários.
Barganha
A OIT prefere não projetar uma estimativa para este e o próximo ano, mas reconhece que os brasileiros não terão o mesmo poder de barganha de anos anteriores. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que desde 2004 mais de 70% das categorias obtiveram ganhos acima da inflação no período. A diretora do Escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo, no entanto, critica a possibilidade de se terem negociações emperradas. “Para combater ou prevenir os efeitos recessivos é importante manter o poder aquisitivo dos assalariados. O governo deve manter a previsão de reajuste de salário mínimo para dinamizar o mercado interno, senão, entra numa espiral que vai levando para baixo”, afirma.