A regulamentação do mercado financeiro internacional, pregada com tanta ênfase pelo presidente Lula contra os abusos praticados pelos países ricos, a começar pelos EUA, talvez não vá longe. Motivo: no Brasil, onde tanta gente defende tal tese, há divergências sobre as normas reguladoras a serem adotadas, para evitar novas crises, como as geradas pela especulação desenfreada dos bancos americanos em Wall Street.
A regulamentação do mercado financeiro internacional, pregada com tanta ênfase pelo presidente Lula contra os abusos praticados pelos países ricos, a começar pelos EUA, talvez não vá longe. Motivo: no Brasil, onde tanta gente defende tal tese, há divergências sobre as normas reguladoras a serem adotadas, para evitar novas crises, como as geradas pela especulação desenfreada dos bancos americanos em Wall Street.
Alguns setores já falam, no país, em regulamentação flexível, ou seja: dar o jeitinho brasileiro ao que se deve fazer com rigor. Recordese, a propósito, o livro antológico de Francis Wheen intitulado em português Como a picaretagem conquistou o mundo (Ed.Record, 2007).
A grande picaretagem inicial, em nossos tempos, além de muitas outras criadas no passado pelos países ricos, foi, segundo Wheen, a volta ao suposto mercado livre mundial do laissez faire, imposto pelos EUA de Ronald Reagan e pela Inglaterra de Margaret Thatcher no fim dos anos 70 do século passado por inspiração de falsos luminares da economia.
As riquezas do Brasil colonial, ouro, pedras preciosas, pau-brasil, açúcar e fumo, iam para Portugal. O tirânico, mas esperto marquês de Pombal, viu que esse imenso tesouro, afora o gasto em conventos e palácios, ia mesmo para a Inglaterra. Ele educou um príncipe forte para suceder ao rei frouxo. O príncipe morreu antes. O Brasil e Portugal ficaram a ver navios.
Em seu livro, conta Wheen que, nos EUA, sob os governos Reagan, a dívida pública passou de US$ 900 bilhões para US$ 3 trilhões após “marolinhas” em 1982 e 1987, causadas por hipotecas imobiliárias e especulações na bolsa, em ações cujos valores não condiziam com a má economia das empresas. Lá se foram US$ 4 trilhões, não se sabe para onde. Na Inglaterra, Thatcher aumentou a fortuna dos ricos, achando que parte dela, por efeito cascata, aliviaria a miséria dos pobres. Isso não aconteceu.
Nesses anos sofridos, floresceram livros que ensinavam a enriquecer, medicinas alternativas para todos os males, discos voadores, gurus, seitas religiosas e o desconstrutivismo, uma quase sátira filosófica à moral contemporânea e aos descaminhos e promessas políticas para embalar eleitores. Vale a pena conferir tudo
isso e muita coisa mais, em Wheen.