ESPAÇO POÉTICO

 

 

TSU SHIN THIU                                

(pronuncia-se tusintiu)

                                          (Joaquim Antunes de Carvalho* - 20/12/2017)

 

 

Um convite do povo aposentado

Para evento na hora de minha sesta

Seria normalmente rejeitado

Se dos setenta do Arnaldo não fosse a festa

E como me disseram que ia ter cana

Depois de o Arnaldo apagar todas as velhinhas

Troquei meu calção furado por uma calça bacana

Depois de dois dedos de uma boa branquinha.

 

Como a cachaça nos faz esquecer tudo,

Recitei o dito de Câmara Cascudo:

“Gibirita, gibiritinha,

Tu me puxas , eu te puxo,

Tu bates comigo no chão,

Eu bato contigo no bucho.”

 

O dito cujo evento,

De tu sentiu era chamado

Ensinava a curar doença,

De caganeira a bucho inchado.

Eu andava com um problema

Que a cabeça me afligia,

A decente amolecendo,

Só o azul resolvia.

 

A minha mulher dona Clélia,

De um furúnco padecia

Bem debaixo do suvaco,

Remédio nenhum resolvia.

 

Juracy de seu Arnaldo,

Tinha vontade de chorar,

Arrancaram os dentes dela

E não acertaram  recolocar.

 

Barbirato amigo sincero,

Com a danada da espinhela

Me disse que doía tudo,

Desde o pescoço à ruela.

 

Eudócia toda ralada,

Do dedo do pé ao infinito

Depois de deitar e rolar,

Lá nos rios de Bonito.

Mariano me confessou

Uma disritmia felina,

Seu coração palpitava,

Feito carro sem gasolina.

 

Paulo Eduardo numa jogada,

Do Peia Mole, querido time

Lhe deram um chute no saco,

Que de mulher inda hoje faz regime.

 

Didi, o Grande Poeta,

De sonhos e glórias mil,

Não frequentava o banheiro,

Desde o começo de abril.

 

Moody da terra dos cágados

Tracajás, pirarucus,

Me confessou desolado,

Estar com dor no cuscuz.

 

De uma tal de dor que anda,

Eládio tá padecendo,

Dói em cima, dói embaixo

Deitado inda tá doendo.

Flávio Beleza num canto

Padecia do juízo

Jurando que ia pra Cuba,

Conhecer o paraíso.

 

A Marilda vinha sofrendo

Da doença INQUIETAÇÃO

Não conseguia ficar parada

E nem prestar atenção.

 

Mário Tavares resolvendo

Da Previ a situação

O mal da ideia fixa

Que não tem remédio não.

 

Hiroshi japonês fino

Sofria de um mal danado

Todo mundo perguntando

Se o dele era esticado.

 

Tarcísio estava lá

Com a mão destrambelhada

De tanto segurar vara

Na pescaria safada.

E mais uns tantos velhinhos

Cada qual com sua dor

Esperavam um lenitivo

Cem por cento inovador.

 

Apois bem todo mundo ali,

Ansioso esperava a cura,

O alívio que a CASSI mandava,

Com muito amor e ternura.

 

Acontece que o palestrante,

Cara sério e competente,

Só falou de tocar com o dedo,

Em todo canto da gente.

 

Se soubéssemos aplicar,

Esse toque de magia,

Toda dor como milagre,

Logo desaparecia.

 

Para curar a insônia

Segure no polegar

Tá com raiva pegue o médio

Se é tristeza o anular.

O polegar na palma da mão

Cura desânimo geral

Não existe melhor remédio

Para curar esse mal.

 

Com o dedo você cura

Estômago, fígado e baço

Pulmão, intestino grosso,

Rim, bexiga e cabaço.

 

Se ligue na profundidade,

Exercite a energia

Se sentir a coisa chegando,

Dê um grito de alegria.

 

Uma mão no osso púbico

A outra sobre a cabeça

É remédio imediato

Para que a dor amorteça.

 

Inda hoje tô tentando,

Curar a minha doença,

E vou insistir para sempre,

Deixando de lado a descrença.

Parabéns para o Arnaldo

Presidente de lascar,

Mas dispense o home do toque,

Pois alguém pode viciar.

 

* Joaquim Antunes de Carvalho é conselheiro deliberativo da AFABB-DF

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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